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Defensores do jornalismo livre expõem ameaças às mulheres jornalistas

A Coligação para a Comunicação Social Livre (One Free Press Coalition) centrou a sua lista mensal, de março, de casos problemáticos prioritários nas mulheres jornalistas, que sofreram retaliações ou ameaças pelo seu trabalho, ilustrando-os com dez situações concretas.

Defensores do jornalismo livre expõem ameaças às mulheres jornalistas
Notícias ao Minuto

00:04 - 03/03/22 por Lusa

Mundo Jornalismo

O contexto deste destaque é o crescendo de assédio no local de trabalho e nas redes sociais a estas profissionais, com a Fundação Internacional das Mulheres na Comunicação Social (IWMF, na sigla em Inglês) a estimar que um terço delas já pensou em abandonar a profissão devido às ameaças.

A UNESCO, em documento datado de 2020, quantificou em 73% as mulheres jornalistas que tinham enfrentado assédio nas redes sociais, que em alguns casos evoluiu para ameaças físicas e teve impactos sérios na sua saúde mental.

O primeiro caso a ser apontado é o da turca Sedef Kabas, antigo 'pivot' televisivo, agora em regime de 'freelance', detida em 22 de janeiro, sob acusações de "insultar" o presidente Recep Tayyip Erdogan, com os procuradores a pretenderem encarcerá-la durante 11 anos e oito meses.

Surge depois a iemenita Hala Fuad Badhawi, detida pelos serviços de informações militares, em dezembro último, na província de Hadramout. Os seus colegas associam a sua detenção aos seus artigos sobre corrupção.

A russa Elena Milashina, jornalista de investigação da Novaya Gazeta, surge em terceiro lugar. Foi forçada a fugir de casa, depois de ameaças do líder checheno, Ramzan Kadyrov. Pelo menos, cinco jornalistas deste meio já foram assassinados desde que o Comité de Proteção de Jornalistas (CPJ) começou a elaborar estatísticas, em 1992. Em março do ano passado, ela e a advogada defensora de direitos humanos Marina Dubrovina foram agredidas na capital da Chechénia.

A lista prossegue com Nomthandazo Maeeko, do sítio noticioso Swati Newsweek, de Eswatini, que foi agredida por guardas prisionais, depois de transmitir ao vivo um protesto de membros do Movimento de Libertação da Suazilândia, à porta de uma prisão.

A colunista do Washington Post e jornalista independente Rana Ayub, da Índia, há muito que é vítima de assédio nas redes sociais e alvo de processos judiciais, mas começou a receber mais ameaças na Twitter, depois de ter criticado nesta rede social o papel da Arábia Saudita na guerra do Iémen. O seu 'tweet' suscitou 26 mil respostas, que incluíam ameaças de violação e morte.

A segunda metade da lista começa com Pham Dan Trang, condenada em dezembro pelas autoridades vietnamitas a nove anos de prisão. Desde há muito que Trang cobre direitos humanos, incluindo abusos policiais e questões ambientais, que lhe tem valido um forte assédio.

Júlia Gavarrete, do El Faro, de El Salvador, é uma em mais de 30 jornalistas que foram alvo do programa informático israelita de espionagem Pegasus. O El Faro e outros títulos independentes foram nomeados de forma crítica pelo presidente Nayib Bukele e outros dirigentes do governo.

Kalua Salazar, da Nicarágua, onde edita a rádio e a televisão La Costenísima, é a oitava integrante da lista. O seu quotidiano é composto por processos judiciais, assédio e vigilância das autoridades, que incluem ataques físicos e confinamento forçado à sua residência.

O nono nome é o da mexicana Lourdes Maldonado, assassinada em janeiro, em Tijuana, depois de j+a te sido atacada pelo seu trabalho e ter estado no programa governamental de proteção de jornalistas. Desde o início do ano já foram assassinados no México cinco jornalistas.

A Prémio Nobel da Paz 2021, a filipina Maria Ressa, encerra a lista, onde tem sido presença frequente. Neste momento, Ressa enfrenta ameaças extremas nas Filipinas, incluindo ataques orquestrados pelo Estado contra ela e o sítio noticioso Rappler, que fundou.

Entre as dezenas de associados da One Free Press Coaliton estão as agências Bloomberg, Efe, Reuters e AP, a televisão Al Jazeera, os meios europeus Corriere Della Sera, De Standaard, Deutsche Welle, Süddeutsche Zeitung e EURACTIV, os 'económicos' The Financial Times, Forbes e Fortune, a revista TIME ou ainda o The Washington Post.

A One Free Press tem como parceiros o Comité de Proteção dos Jornalistas e a Fundação Internacional das Mulheres na Comunicação Social.

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