Acordo sobre programa iraniano não pode continuar a ser adiado
O chanceler alemão, Olaf Scholz, defendeu hoje, em visita a Israel, que um acordo sobre o programa nuclear iraniano "não pode ser adiado" indefinidamente, enquanto decorrem conversações em Viena para salvar o pacto com Teerão.
© Liesa Johannssen-Koppitz/Bloomberg via Getty Images
Mundo Nuclear
"Está na altura de se tomar uma decisão, isso não pode ser adiado durante mais tempo", afirmou Scholz numa conferência de imprensa em Jerusalém, com o primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, cujo país se opõe veementemente ao acordo.
"Agora, é o momento para dizer 'sim' a qualquer coisa que represente uma solução boa e razoável", acrescentou Scholz, que efetuou hoje a sua primeira visita a Jerusalém enquanto chefe do Governo alemão.
Ao seu lado, Naftali Bennett disse acompanhar as negociações em Viena "com preocupação", por considerar que um acordo que torne possível a instalação de centrifugadoras "em grande escala no espaço de alguns anos" não será "aceitável" para o Estado hebreu.
Israel, que considera Teerão e o seu programa nuclear uma ameaça à sua segurança e à do Médio Oriente, "saberá defender-se e garantir a sua segurança e o seu futuro", assegurou.
Bennett disse recentemente temer que o possível acordo seja "mais frágil" que o concluído em 2015.
Nos últimos dias, os negociadores deram conta de progressos nas conversações destinadas a salvar esse acordo concluído entre o Irão, Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha.
O desafio é fazer regressar ao acordo os Estados Unidos, que dele se retiraram em 2018, durante a Presidência de Donald Trump, e reimpuseram sanções ao Irão.
Em resposta, Teerão quebrou os compromissos assumidos no texto do acordo relacionados com as suas atividades nucleares sensíveis.
O acordo de 2015 permitiu, até à retirada norte-americana, o levantamento de sanções económicas internacionais à República Islâmica. Em troca, esta deveria respeitar as restrições impostas ao seu programa nuclear, destinadas a impedi-la de dotar-se da bomba atómica, intenção que sempre negou ter.
Israel opôs-se ao acordo, porque, na sua opinião, o levantamento das sanções previsto no texto permitia a Teerão armar-se mais.
Teerão declarou no sábado esperar "decisões políticas" do Ocidente para concluir as conversações, acrescentando que a invasão da Ucrânia por Moscovo não deve afetar o processo negocial, porque "não há qualquer ligação entre as duas questões no plano diplomático".
A visita de Olaf Scholz ocorre na altura em que as forças russas prosseguem a ofensiva lançada a 24 de fevereiro na Ucrânia, levando Berlim a suspender a certificação do controverso gasoduto germano-russo Nord Stream 2 e a fornecer armas a Kiev.
Scholz assegurou na terça-feira que novas sanções serão "com certeza adotadas contra a Rússia".
"Sob a sua liderança, a Alemanha representa atualmente um pilar de estabilidade, de comando e de responsabilidade na Europa", elogiou Naftali Bennett em Jerusalém.
Israel adotou uma posição mais cautelosa sobre o conflito, destacando as suas boas relações com a Ucrânia e a Rússia, principais origens da imigração judaica para Israel. A Rússia tem, além disso, tropas na Síria, país vizinho em guerra.
"Nós temos uma política muito comedida e responsável, cujo objetivo é ajudar o povo ucraniano e fazer o que pudermos para aliviar algumas das pressões e das consequências desta horrível situação", declarou Bennett na conferência de imprensa conjunta com Scholz.
Em seguida, o primeiro-ministro israelita falou por telefone com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pela segunda vez desde a invasão russa iniciada na passada quinta-feira, e acordaram "manter uma comunicação contínua", segundo o seu gabinete.
Cem toneladas de ajuda humanitária, incluindo sistemas de purificação de água e material médico, estão a ser enviadas para a Ucrânia por Israel que, segundo a imprensa nacional, recusou fornecer armas a Kiev.
Em Jerusalém, Scholz reuniu-se também com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Yair Lapid, e visitou o parlamento israelita.
Invocando como justificação a crise ucraniana, adiou uma visita agendada para a Cisjordânia, onde iria nomeadamente avistar-se com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, segundo a representação alemã em Ramallah.
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