Força africana declara guerra a grupo rebelde
A força da União Africana na República Centro Africana (MISCA) declarou guerra aberta aos milicianos anti-balaka, maioritariamente cristãos, depois de uma nova onde de violência que fez 20 mortos nos últimos dias em Bangui.
© DR
"Agora, consideramos os anti-balaka como inimigos da MISCA. Nós iremos tratá-los adequadamente", declarou hoje o chefe da força africana no país, o general congolês Jean-Marie Michel Mokoko, numa entrevista à radio privada centro-africana Ndeke Luka, após a violência dos últimos dias em Bangui, com confrontos entre os soldados e os anti-balaka.
Sábado e domingo, os confrontos eclodiram entre os grupos armados e ocorreram pilhagens aos muçulmanos.
Na segunda-feira, um soldado congolês da MISCA -- que conta com seis mil homens -- foi morto numa emboscada em Boali (90 quilómetros a norte de Bangui), indicou a União Africana (UA), que atribuiu a responsabilidade pela morte aos anti-balaka.
"Eles permitem-se disparar sobre as pessoas que vieram para cá tentar colocar um fim nesta crise, para o benefício do povo centro-africano, do qual eles fazem parte", acusou o general Mokoko.
O general congolês disse ainda que considera os anti-balaka como "responsáveis pelos ataques direcionados" aos elementos da força africana nos últimos dias.
Na noite de terça-feira, tiros esporádicos foram ouvidos nos setores de Bangui onde estão instalados os anti-balaka, que ergueram barricadas em certas artérias da cidade, perturbando a circulação.
Formado em reação às atrocidades contra a população realizadas durante meses pelos combatentes, maioritariamente muçulmanos, do grupo rebelde Séléka - que tomaram o poder em março de 2013 - as milícias anti-balaka atacam as populações muçulmanas.
A antiga colónia francesa está a viver em caos permanente e atravessa uma crise humanitária sem precedente, com centenas de milhares de deslocados a fugirem da violência, que provocou um êxodo de muçulmanos de regiões inteiras do país.
A situação na República Centro Africana é "insuportável", afirmou na sexta-feira passada Peter Bouckaert, diretor de urgências da organização de direitos humanos Human Rights Watch.
Desde o início de dezembro, no início da operação francesa Sangaris (2.000 homens), a MISCA foi consideravelmente reforçada em número de efetivos e equipamentos (incluindo blindados) .
As forças internacionais tentaram neutralizar os rebeldes do Séléka em Bangui, o que levou a críticas sobre uma suposta indulgência - que os militares sempre negaram - contra atos dos anti-balaka .
Questionado hoje por jornalistas, um dos auto-proclamados coordenadores do grupo anti-balaka, Emotion Brice Namsio, disse que os soldados da MISCA tinham disparado sobre a população do bairro de Foûh, no fim de semana, querendo agora responsabilizar o grupo rebelde, acrescentando que os anti-balaka não ripostaram e que a força multinacional é a verdadeira inimiga dos centro-africanos.
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