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Gostomel, a "primeira grande vitória" da resistência a Putin

Com tropas russas a avançarem até às portas de Kiev, onde foi decretada a mobilização de reservistas, o Governo ucraniano celebrou uma "primeira grande vitória" - a recuperação de Gostomel, aeroporto militar estratégico às portas da capital.

Gostomel, a "primeira grande vitória" da resistência a Putin
Notícias ao Minuto

06:36 - 25/02/22 por Lusa

Mundo Ucrânia

"O aeroporto de Gostomel já é nosso", escreveu no Facebook conselheiro presidencial, Alexéi Arestóvich, na noite de quinta-feira. Horas antes, as Forças Armadas russas haviam anunciado o controlo do aeroporto militar, também conhecido como Antonov, mas o contra-ataque ucraniano terá sido bem sucedido.

A tomada do aeroporto teria dado às forças russas um ponto de aterragem próximo da capital, para desembarcar rapidamente tropas e potencialmente multiplicar os efetivos em solo ucraniano, cercando a capital ucraniana.

David Petraeus, ex-diretor da CIA, mostrou-se surpreendido com a capacidade de resistência dos ucranianos, perante uma das máquinas de guerra mais bem apetrechadas do mundo - e experientes de conflitos em vários países circundantes.

"O que foi alcançado hoje foi menos do que eu esperava. Todos nós sabemos que os russos podem assoberbar os ucranianos, mas parece que os ucranianos os atrasaram de forma bastante impressionante", disse Petraeus aos media norte-americanos.

Apesar deste sucesso, o primeiro dia de guerra foi de avanços quase incessantes das forças russas em território ucraniano - por terra, ar e mar. A norte - frente aberta desde a Bielorrússia até Kiev - a sul - das bases russas na Crimeia, um enclave portuário em território ucraniano conquistado em 2014, avançando em todas as direções para criar corredores - e a leste - onde as forças separatistas pró-russas no Donetsk e em Lugansk se dirigem para as zonas controladas pelo Governo.

A Exército ucraniano afirmou na noite de quinta-feira que a Rússia tem a intenção de bloquear Kiev e criar um corredor terrestre para a península da Crimeia e a região separatista da Transnístria, na Moldávia. "O plano já está claro: o principal objetivo da operação é bloquear Kiev e criar um corredor terrestre para a península da Crimeia e a autoproclamada região da Transnístria", lê-se numa nota publicada no Facebook.

O Exército também adiantou que a Rússia introduziu até agora mais de 60 grupos de batalhões táticos em solo ucraniano.

Mariupol, cidade a meio caminho entre as regiões controladas pelos separatistas e a Crimeia, terá sido um dos pontos de mais intenso combate, de acordo com relatos de media ucranianos.

O fogo dos mísseis da aviação russa chegou a quase todas as principais cidades ucranianas, onde se ouviram sirenes ao longo de todo o dia, para que os habitantes se refugiem em abrigos. Em Kharkiv, milhares de mulheres e crianças refugiaram-se nos túneis de metropolitano.

Até a cidade de Lutsk, a poucas centenas de quilómetros da Polónia ("território" NATO), foi alvejada pelos mísseis russos, segundo a BBC.

Os serviços de informações ocidentais reconheceram que a superioridade aérea russa na Ucrânia era "total". "As defesas aéreas da Ucrânia foram destruídas e não têm capacidade para se proteger. Nas próximas horas, os russos tentarão reunir uma força esmagadora em torno da capital", disse uma fonte de um serviço de informações ocidental citado pelas agências internacionais.

"As tropas russas estão já a reunir-se à volta de Kiev. É uma questão de dias, ou horas", explicou a fonte, sublinhando a rapidez com que as forças de Moscovo se movimentam à volta da capital ucraniana.

Um conselheiro do Presidente ucraniano disse que a Ucrânia perdeu hoje o controlo sobre a central nuclear de Chernobyl, depois de uma batalha feroz para tentar repelir as forças militares russas.

Mykhailo Podolyak, conselheiro do Presidente Volodymyr Zelensky, disse que não se conhece em que condições estão, depois dos combates, as instalações da central, onde há um abrigo de proteção e o armazenamento de resíduos nucleares. Com uniforme militar, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky divulgou uma mensagem vídeo anunciando a mobilização geral da população sujeita a "recrutamento militar e reservistas" para combater a invasão russa.

Também hoje o Presidente da Ucrânia já havia imposto hoje a lei marcial em todo o país após o início da operação militar da Rússia.

No final do primeiro dia da invasão russa à Ucrânia, Volodymyr Zelensky relatou a morte de 137 ucranianos e 316 feridos.

"Hoje [quinta-feira] a Rússia atacou todo o território da Ucrânia. E hoje os nossos defensores fizeram muito. O inimigo ataca não só instalações militares, como afirmam, mas também civis. Matam pessoas e transformam cidades pacíficas em alvos militares. Isso é vil e nunca será perdoado", sublinhou.

Pelo menos 100.000 pessoas já abandonaram as suas casas na Ucrânia devido à invasão iniciada hoje pela Rússia e vários milhares cruzaram as fronteiras rumo a países vizinhos, segundo dados do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).

Em Washington, Bruxelas e noutras capitais ocidentais, as sanções foram a arma de eleição contra a Rússia de Vladimir Putin.

Reunidos num Conselho Europeu convocado de urgência, os líderes dos 27 já adotaram conclusões, nas quais apelam à Comissão Europeia para avançar com "medidas de contingência" sobre fornecimento energético da Rússia, e com "rápida preparação de novo pacote de sanções" que abranjam também a Bielorrússia, por permitir a invasão russa da Ucrânia. As sanções hoje acordadas pelos líderes serão formalmente adotadas hoje, num Conselho extraordinário de ministros dos Negócios Estrangeiros, em Bruxelas.

O presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou que Estados Unidos e aliados vão reforçar sanções à Rússia e que o dispositivo da NATO na Alemanha será reforçado com tropas norte-americanas, após a invasão russa da Ucrânia.

"Putin escolheu esta guerra" na Ucrânia, e o Presidente russo e a Rússia "suportarão as consequências de novas sanções", disse Biden, numa declaração à comunicação social.

Em Moscovo, durante uma reunião com empresários, Vladimir Putin, disse durante a tarde de quinta-feira que o seu país "não tinha outra maneira" de se defender a não ser lançar um ataque na Ucrânia, confirmando que o Exército russo está em processo de invasão daquele país vizinho.

"O que está a acontecer agora é uma medida coerciva. Porque não temos outra forma de fazer o contrário", disse Putin em Moscovo, que foi difundida pelas estações televisivas.

Se os ucranianos se debatem com as tropas russas, os russos debateram-se nas ruas das principais cidades russas com a sua própria polícia.

Cerca de 1.700 pessoas foram hoje detidas em 53 cidades russas, sendo que perto de mil detenções ocorreram em Moscovo, na sequência dos protestos contra a invasão da Ucrânia, segundo dados divulgados por uma organização não-governamental (ONG).

Leia Também: Forças russas já controlam aeroporto militar nos arredores de Kiev

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