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Governo neerlandês pede desculpa pela "violência" na guerra na Indonésia

Os Países Baixos apresentaram hoje as suas desculpas, depois de um estudo denunciar o recurso sistemático a "violência extrema" pelo seu exército contra os combatentes pela independência da Indonésia entre 1945 e 1949.

Governo neerlandês pede desculpa pela "violência" na guerra na Indonésia
Notícias ao Minuto

23:01 - 17/02/22 por Lusa

Mundo Países Baixos

"Hoje, em nome do Governo (...), apresentou as minhas desculpas mais profundas ao povo indonésio pela violência sistemática e extrema do lado neerlandês ao longo desses anos", declarou o primeiro-ministro Mark Rutte em conferência de imprensa.

Lamentou igualmente "a cegueira dos governos neerlandeses anteriores".

A posição oficial dos Países Baixos, durante décadas, foi a de que não tinha recorrido a uma violência excessiva senão em circunstâncias excecionais durante a guerra da independência da Indonésia, de 1945 a 1949.

Mas um estudo realizado ao longo de quatro anos por investigadores neerlandeses e indonésios concluiu que as forças neerlandesas incendiaram aldeias "de forma sistemática" e levaram a cabo detenções em massa, tortura e execuções nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, com o apoio tácito do Governo.

Os investigadores declararam que "a grande maioria dos responsáveis do lado neerlandês -- políticos, oficiais, funcionários, juízes e outros -- tiveram ou puderam ter conhecimento do uso sistemático de extrema violência".

"Houve uma vontade coletiva de a desculpar, de a justificar e de a dissimular, assim como de a deixar impune. Tudo isso aconteceu em nome de um objetivo maior: ganhar a guerra", sublinharam os investigadores.

Os crimes de guerra foram revelados pela primeira vez por um antigo combatente neerlandês em 1969, mas, a versão oficial foi a de que mesmo que tenham sido cometidos "excessos", as forças dos Países Baixos portaram-se globalmente de forma correta.

Nos últimos anos os Países Baixos começaram a reavaliar a herança da sua história colonial, nomeadamente a que diz respeito à Indonésia, o arquipélago onde reinaram durante 300 anos e que declarou a sua independência em agosto de 1945, só reconhecida em 1949 pelos Países Baixos, depois de quatro anos de uma guerra sangrenta.

O rei Willem Alexander apresentou oficialmente as suas desculpas em 2020 pela "violência excessiva" durante a guerra da independência.

Em 2015 um tribunal decretou que o Governo deve indemnizar as viúvas e filhos dos combatentes indonésios executados pelas tropas coloniais.

"Apresentamos igualmente as nossas desculpas a todos os que vivem nos Países Baixos e que tiveram que viver com as consequências da guerra colonial na Indonésia, o que abrange os antigos combatentes que se portaram de maneira adequada", acrescentou Rutte em comunicado.

Paul Hoefsloot, diretor do instituto neerlandês dos antigos combatentes, declarou "compreender" as desculpas apresentadas ao povo indonésio, e disse-se "muito feliz" com as desculpas apresentadas aos veteranos de guerra e "a todos aqueles que, nos Países Baixos, têm que viver com as consequências da luta pela descolonização".

O tema da independência da Indonésia é regularmente apresentado ao público neerlandês através de filmes e exposições, sendo que a última inaugurou na passada semana no Rijksmuseum, em Amesterdão.

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