Corações, flores, recados românticos ou beijos são parte integrante do Dia de S. Valentim ou Dia dos Namorados, que é comemorado com demonstrações de afeto há séculos na maior parte do mundo. Mas não em todo, há locais onde este dia é desencorajado ou mesmo banido.
Em causa está o facto de estar associado a um mártir cristão, São Valentim, e motivar questões religiosas ou até preocupações com a disseminação da cultura ocidental e objeções morais.
De proibições a prisões em massa ou ameaças de casamento forçado, vejamos alguns locais em que abraçar o dia do romance não é uma opção aconselhável.
Arábia Saudita
Durante décadas, 14 de fevereiro foi apenas mais um dia na Arábia Saudita, que baniu o Dia de S. Valentim por considerar ser antitético às noções islâmicas de propriedade. Embora algumas pessoas trocassem cautelosamente presentes e flores em fevereiro, corriam o risco de um confronto com a polícia religiosa do país até há cerca de cinco anos.
A mudança ocorreu depois de o príncipe herdeiro, Mohammad bin Salman, ter retirado vários poderes ao Comité para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, em 2016. Antes disso, as pessoas que ousassem comemorar o feriado eram muitas vezes presas e os donos de lojas impedidos de vender produtos alusivos à celebração. Desde então, os sauditas já abraçaram abertamente o dia do amor.
Paquistão
Este dia é um ponto de discórdia no Paquistão. Em 2017 a alta corte do país proibiu a celebração do dia e publicou um decreto que dava conta da remoção de todos os vestígios do Dia dos Namorados dos espaços públicos, proibia merchandising alusivo, publicidade ou promoção nos meios de comunicação sociais. Mas isso não diminuiu o entusiasmo de alguns paquistaneses e apesar da interferência e vigilância da polícia, os rebeldes românticos encontraram formas de adquirir flores e dar presentes sentimentais aos apaixonados, embora a maioria o tenha feito em segredo.
Malásia
As autoridades da Malásia também fizeram o possível para acabar com o feriado. Em 2005, o Conselho Nacional da Fatwa, que interpreta a lei islâmica e faz decretos, declarou o Dia de São Valentim como antitético para com o Islão porque tinha “elementos do cristianismo”. Embora grupos cristãos instassem o conselho a reconsiderar, alegando que há pouca conexão entre o moderno Dia dos Namorados e o cristianismo, a proibição persistiu e os casais que comemoram podem enfrentar sanções, incluindo pena de prisão.
Irão
O país do Médio Oriente e de maioria muçulmana proibiu a produção de todos os bens e presentes associados ao Dia dos Namorados, bem como a promoção de qualquer dia que celebre o amor romântico, que é visto como um sinal de imoralidade e disseminação da cultura ocidental. Pediram inclusivamente ajuda aos cidadãos para processar aqueles que celebrem o feriado. No entanto, isso não impediu que muitos iranianos celebrassem o dia em segredo.
Mas o Dia dos Namorados tornou-se tão popular que alguns radicais islâmicos agora incentivam a celebração de um antigo feriado iraniano, o 'Sepandārmazgān', a 23 de fevereiro - conhecido como um dia persa de amor em homenagem a Spandarmad, uma divindade que representava uma esposa beneficente que ama o marido.
Índia e Indonésia
O Dia dos Namorados não é proibido na Índia ou na Indonésia, mas enfrentou resistência de grupos religiosos radicais em ambos os países.
Na Índia, nacionalistas hindus extremistas protestaram contra o feriado e ameaçaram aqueles que comemoram, atacando, inclusivamente, jovens casais e cortando-lhes os cabelos ou pintando-lhes o rosto. Em 2015, um partido político hindu de extrema direita ameaçou forçar quem fizesse demonstrações públicas de amor nas redes sociais ou qualquer um que se fosse visto a celebrar o feriado em público a casar.
Uma decisão do mais alto Conselho Islâmico, em 2012, – que declarava que o Dia dos Namorados era contra a cultura e o ensino muçulmano – levou a proibições do feriado em pequena escala nas cidades da Indonésia de Surabaya e Makassar e uma proibição total em Bando Aceh. No entanto, o feriado ainda é observado em outras partes do país e é comemorado abertamente na capital, Jacarta.
Uzbequistão
A ex-república soviética permitiu as celebrações do Dia de S, Valentim durante muitos anos, mas o Departamento de Esclarecimento e Promoção de Valores do Ministério da Educação emitiu um decreto interno há cerca de uma década onde proíbe a celebração de feriados "estranhos à cultura" do país. As comemorações do Dia dos Namorados não são ilegais, mas o país prefere celebrar Babur, imperador mogol e descendente de Genghis Khan, nascido a 14 de fevereiro.
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