ONU e EUA criticam detenção de advogada anticorrupção na Guatemala
A ONU e Washington expressaram preocupação, na sexta-feira, sobre a detenção na Guatemala de uma advogada que integrou uma comissão da ONU contra a corrupção no país, entre 2006 e 2019.
© Oleksii Liskonih/iStock
Mundo Corrupção
A advogada Leyli Santizo, responsável sob a égide da ONU pela Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala (CICIG), foi detida na quinta-feira e acusada de obstruir a justiça.
A antiga procuradora do Ministério Público Especial contra a Impunidade (PECI) Eva Xiomara Sosa, contra a qual também foi emitido um mandado de captura, apresentou-se aos tribunais na quinta-feira, mas não ficou detida.
O secretário-geral da ONU "tomou conhecimento com preocupação da detenção" de Santizo e lembrou que "os processos judiciais devem cumprir os padrões de um julgamento justo e equitativo", disse o porta-voz Stephane Dujarric.
Por seu lado, o secretário de Estado adjunto norte-americano, Brian Nichols, afirmou que "as ações da Procuradora-Geral da Guatemala contra os procuradores anticorrupção, passados e presentes, continuam um padrão de intimidação e retaliação contra os acusados de combater a impunidade".
Estas ações são "perturbadoras e minam o Estado de direito", acrescentou.
Antes de ir a tribunal, Santizo disse aos jornalistas: "isto é retaliação. Estou em paz porque não cometi nenhum crime".
O procurador dos direitos humanos da Guatemala, Jordan Rodas, denunciou um "contexto de perseguição implacável contra juízes, magistrados e procuradores que deram um contributo significativo para a luta contra a corrupção e a impunidade".
No ano passado, Washington suspendeu a cooperação com o Ministério Público guatemalteco, na sequência do afastamento do procurador da PECI, Juan Francisco Sandoval, que ao deixar o país afirmou "temer ser morto".
Para substituir Sandoval, a procuradora-geral da Guatemala, Consuelo Porras, nomeou José Rafael Curruchiche, acusado por ativistas anticorrupção de perseguir opositores políticos. Foi o gabinete de Curruchiche que lançou a investigação contra a advogada detida na quinta-feira.
A CICIG tornou possível, em conjunto com a magistratura guatemalteca, processar políticos, militares e empresários, anteriormente considerados intocáveis.
Em 2019, o ex-Presidente da Guatemala Jimmy Morales (2016-2020) destituiu a comissão anticorrupção, que na altura investigava o financiamento da sua campanha eleitoral vitoriosa.
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