"O Protocolo da Irlanda do Norte foi provavelmente uma das piores negociações que vimos na História recente. Está a causar problemas enormes", afirmou, após uma palestra no centro de estudos Institute for Gouvernment.
Questionado se o primeiro-ministro britânico, o também conservador Boris Johnson, mentiu deliberadamente sobre o impacto do acordo, disse não saber, mas afirmou que estava "certamente enganado".
"Ajuda perceber os acordos antes de os assinar", ironizou.
O Protocolo é a parte do Acordo da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) que se aplica à Irlanda do Norte e que deixa o território no mercado único europeu de forma a respeitar os acordos de paz de 1998, que têm como um dos princípios a fronteira aberta com a República da Irlanda.
Desde a entrada em vigor, em janeiro de 2021, que foram introduzidos novos controlos aduaneiros e exigida documentação adicional a mercadorias que chegam do Reino Unido para monitorizar a entrada de produtos para o mercado único europeu.
Esta solução cria, na prática, uma fronteira entre a província britânica e o resto do país, o que também provocou constrangimentos no movimento de produtos, sobretudo agroalimentares e medicamentos.
O Reino Unido e a UE estão em negociações tensas há várias semanas para tentar resolver os diferendos, mas ainda não se entenderam sobre como fazê-lo.
John Major recordou como se deslocou à província britânica juntamente com o igualmente antigo primeiro-ministro Tony Blair, ambos opositores ao 'Brexit', para avisar para as consequências do Protocolo, advertências que na altura foram repudiadas.
A ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Liz Truss, vai receber na sexta-feira em Londres o vice-presidente da Comissão Europeia, Maros Sefcovic, para um novo ponto de situação após uma nova ronda de negociações sobre o Protocolo.
Na semana passada, o Partido Democrata Unionista (DUP) ameaçou bloquear a formação de um novo governo autónomo, cujo primeiro-ministro, Paul Givan, se demitiu no início do mês em curso em protesto contra o Protocolo, se continuarem os "problemas" causados pelo 'Brexit'.
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