Respostas do Ocidente não tiveram em conta preocupações russas
O Presidente russo queixou-se hoje ao seu homólogo francês de que as respostas do Ocidente às suas exigências para resolver o conflito sobre a Ucrânia ignoraram as "preocupações fundamentais" de Moscovo, disse o Kremlin (Presidência).
© Mikhail Svetlov/Getty Images
Mundo Ucrânia
"As respostas dos Estados Unidos e da NATO não tiveram em conta as preocupações fundamentais da Rússia", disse Vladimir Putin, segundo uma nota do Kremlin sobre o seu encontro virtual com Emmanuel Macron, citada pela agência de notícias France-Presse (AFP).
"A questão-chave foi ignorada, nomeadamente como os Estados Unidos e os seus aliados pretendem (...) implementar o princípio de que ninguém deve reforçar a sua segurança à custa de outros países", prosseguiu a presidência russa.
Entre as preocupações que ficaram sem resposta, Putin mencionou a recusa categórica da Rússia ao alargamento da NATO para o Leste europeu, aludindo claramente à Ucrânia e à Geórgia, e o destacamento de armamento ofensivo para perto das fronteiras russas.
Também referiu a retirada das infraestruturas militares aliadas para as posições que ocupavam em 1997, antes da expansão para a Europa de Leste e o espaço pós-soviético (1999 e 2004), segundo a agência espanhola EFE.
Segundo o Kremlin, a Rússia "determinará a sua reação futura" depois de estudar em pormenor as respostas dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).
Putin disse ainda a Macron que a Rússia quer continuar a trabalhar para resolver o conflito na região ucraniana do Donbass, onde separatistas pró-russos lutam contra as forças de Kiev desde 2014.
A guerra no Donbass já provocou cerca de 14.000 mortos e 1,5 milhões de deslocados, segundo a ONU.
O líder russo insistiu nas conversações no chamado Formato Normandia, uma plataforma de diálogo entre Rússia, Ucrânia, Alemanha e França criada em 2014, após a eclosão da guerra no Donbass e da anexação russa da península ucraniana da Crimeia.
Conselheiros políticos dos quatro países reuniram-se na quarta-feira, em Paris, no primeiro encontro em meses, e marcaram uma nova ronda em fevereiro, mas sem abordar a possibilidade de uma cimeira que juntasse os quatro líderes.
A última cimeira do também chamado Grupo da Normandia realizou-se em 2019, em Paris.
A França exerce atualmente a presidência rotativa do Conselho da União Europeia.
A conversa entre Putin e Macron realizou-se no quadro da crescente tensão entre Moscovo e o Ocidente, que receia uma nova invasão da Ucrânia pela Rússia na sequência do envio de pelo menos 100.000 tropas russas para a fronteira com o país vizinho.
A Rússia negou essa intenção, mas disse sentir-se ameaçada pela expansão de 20 anos da NATO ao Leste europeu e pelo apoio ocidental à Ucrânia.
Moscovo exigiu o fim da política de expansão da NATO, incluindo para a Ucrânia e a Geórgia, a cessação de toda a cooperação militar ocidental com as antigas repúblicas soviéticas e a retirada das tropas e armamento dos aliados para as posições anteriores a 1997.
Os Estados Unidos e a NATO rejeitaram formalmente, na quarta-feira, as principais exigências de Moscovo, mas propuseram a via da diplomacia para lidar com a crise.
Em particular, abriram a porta a negociações sobre os limites recíprocos da instalação dos mísseis de curto e médio alcance das duas potências nucleares rivais na Europa, e sobre exercícios militares nas proximidades das fronteiras do campo adversário.
Embora o conteúdo da resposta dos aliados seja desconhecido, o Kremlin admitiu que "há poucos motivos para otimismo", uma vez que a NATO considera a sua política de porta aberta não negociável, embora sem excluir novas rondas de negociações com o Ocidente.
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