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Autópsia revela que violência causou morte de palestiniano idoso detido

Uma autópsia revelou que um palestiniano de 78 anos, declarado morto pouco depois de ter sido detido pelo exército israelita na Cisjordânia ocupada, morreu de ataque cardíaco causado por "violência externa", segundo a agência Associated Press.

Autópsia revela que violência causou morte de palestiniano idoso detido
Notícias ao Minuto

12:51 - 27/01/22 por Lusa

Mundo Cisjordânia

A autópsia, realizada por três médicos palestinianos, confirmou que Omar Asaad, que também tinha cidadania norte-americana, sofria de problemas cardíacos, mas também encontrou hematomas na cabeça, edemas nos pulsos, por estar amarrado, e sangramento nas pálpebras, por ter estado com os olhos vendados.

O relatório, cuja cópia foi obtida hoje pela agência noticiosa AP, mas que foi revelado inicialmente pelo diário The New York Times, concluiu que a causa da morte foi uma "cessação repentina do músculo cardíaco causada por tensão psicológica devido à violência externa a que foi exposto".

Asaad foi detido por soldados israelitas quando regressava a casa depois de participar numa reunião social por volta das 03.00 locais de 12 deste mês.

Os soldados tinham montado um posto de controlo na terra natal de Asaad, Jiljiliya, ocorrência comum na Cisjordânia, que está sob domínio militar israelita desde que Israel conquistou o território em 1967.

Testemunhas palestinianas indicaram que os soldados pararam o veículo de Asaad, que o retiraram à força e o levaram amarrado e com os olhos vendados para um prédio abandonado nas redondezas.

Outros palestinianos que foram detidos no mesmo prédio mais tarde naquela noite disseram que não deram conta da presença de Asaad e que só se aperceberam da situação depois de os soldados israelitas terem deixado o local.

Asaad, 78 anos (relatos iniciais davam conta de que teria 80 anos), foi encontrado inconsciente, deitado de bruços no chão, após o que as testemunhas chamaram uma ambulância.

Os soldados israelitas alegaram que Asaad foi detido depois de resistir a uma inspeção e depois libertado, dando a entender que ele estava vivo. Não está claro quando ocorreu o momento exato da morte. 

Os militares que detiveram o idoso pertencem à Netzah Yehuda, ou "Judeia para Sempre", uma unidade especial para soldados judeus ultraortodoxos, criada para integrar um segmento da população que normalmente não presta serviço militar.

No entanto, a imprensa israelita relatou problemas na unidade decorrentes da ideologia de "linha dura" de muitos dos soldados.

O tenente-coronel Amnon Shefler, porta-voz militar israelita, que prometera uma investigação a 13 deste mês, disse que o incidente continua sob investigação e que serão tomadas medidas "se forem encontradas irregularidades".

O Departamento de Estado norte-americano indicou na altura da morte estar em contacto com o governo israelita em busca de "esclarecimentos" sobre o incidente e que apoiava uma "investigação completa", mas ainda não comentou o resultado da autópsia.

A organização israelita de defesa e promoção dos direitos humanos B'Tselem considerou que a detenção de Asaad foi "bizarra".

"Esta é uma vila muito pequena e tranquila. Não havia nenhuma razão para pegar num homem idoso, arrastá-lo e algemá-lo. Não sei porque fizeram isso", disse Dror Sadot, porta-voz do grupo.

Sadot sublinhou que o facto de os militares ainda estarem a investigar, mais de duas semanas após o incidente, mesmo com a pressão adicional norte-americana, indica, pela experiência em casos semelhantes, que qualquer eventual conclusão "não levará a nada".

Israel diz que investiga com cuidado os incidentes em que palestinianos são mortos por soldados israelitas, mas organizações de direitos humanos referem que as investigações raramente levam a acusações ou condenações e que, em muitos casos, o exército não entrevista testemunhas-chave ou recupera provas.

As forças israelitas fazem detenções regularmente em localidades palestinianas na Cisjordânia, onde vivem 2,9 milhões de palestinianos e 475.000 israelitas. Estes últimos residem em colonatos considerados ilegais sob a lei internacional.

Leia Também: Exército israelita mata palestiniano que tentou esfaquear militar

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