Meteorologia

  • 24 ABRIL 2024
Tempo
19º
MIN 12º MÁX 24º

Mali. França está a fazer"consulta aprofundada" com parceiros europeus

A ministra da Defesa francesa disse hoje que a França está a realizar uma "consulta aprofundada" com os parceiros europeus do grupo de forças especiais Takuba no Mali, porque "a junta maliana quebrou os seus compromissos e está a multiplicar provocações".

Mali. França está a fazer"consulta aprofundada" com parceiros europeus
Notícias ao Minuto

16:43 - 25/01/22 por Lusa

Mundo Mali

Florence Parly aproveitou também a oportunidade para manifestar solidariedade para com as forças dinamaraquesas. "Solidariedade com os nossos parceiros dinamarqueses, cujo destacamento se baseia numa base legal, ao contrário do que a junta maliana afirma hoje", disse.

A ministra falava na Assembleia Nacional sobre a política francesa na região africana, depois de a junta, no poder em Bamako, capital do Mali, ter pedido à Dinamarca que retirasse "imediatamente" os cerca de cem militares que chegaram recentemente ao país para participar no grupo de trabalho Takuba, iniciado pela França.

O golpe de Estado no Burkina Faso, neste domingo, também tornou a tarefa de Paris consideravelmente mais difícil na região. Dos quatro países do Sahel que enfrentam grupos terroristas ligados à Al-Qaeda ou ao grupo do Estado Islâmico (EI) e onde a força anti-jihadista Barkhane está destacada, três (Chade, Mali, Burkina Faso) são agora governados por juntas militares.

"A junta maliana quebrou os seus compromissos e está a fazer múltiplas provocações. Mercenários da (empresa privada russa) Wagner estão destacados em território maliano e um golpe de estado, que condenamos, acaba de ocorrer no Burkina Faso. Devemos, então, abandonar a luta contra o terrorismo? Não, esta luta é essencial para a nossa segurança", sublinhou Parly.

"Mas também é evidente que temos de nos adaptar a um novo contexto (...). Procedemos a uma consulta aprofundada com os nossos parceiros, e em particular os da Takuba", acrescentou, apontando o dedo a Moscovo, que é acusada de estar por detrás das operações do grupo Wagner, apesar de o negar.

"Em África, como na Europa, a retórica da Rússia favorece uma estratégia de intimidação, optando pelo confronto mascarado, que é um factor desestabilizador. Lidar com ameaças híbridas, abaixo do limiar do conflito aberto, é uma das prioridades da Presidência francesa da União Europeia", acrescentou a ministra francesa.

De acordo com a sua equipa, a ministra francesa manteve numerosas discussões bilaterais com os seus parceiros europeus nos últimos dias. O Ministério da Defesa italiano confirmou os contactos entre Florence Parly e o seu homólogo Lorenzo Guerini num comunicado, sublinhando em particular a sua "preocupação com a presença estruturada da Wagner na região".

Roma também referiu "discussões coletivas entre todos os países membros da 'task force' Takuba, seja no formato de Negócios Estrangeiros ou de Defesa, sobre as consequências que o nível de instabilidade atingiu no Mali e o impacto que isso tem no nível operacional".

A junta militar no poder no Mali pediu à Dinamarca para retirar "imediatamente" os seus militares que chegaram recentemente ao país africano para participar no grupo de forças especiais europeias Takuba, destinado a acompanhar os soldados malianos.

"A República do Mali convida a parte dinamarquesa a retirar imediatamente o seu contingente do território", apela, em comunicado emitido na noite de segunda-feira, o Governo de transição do Mali, que chegou ao poder através de um golpe de Estado em agosto de 2020.

A junta argumenta que o destacamento dos militares dinamarqueses ocorreu "sem o seu consentimento" e sem ter em consideração o protocolo adicional da coligação Takuba, "que implica a conclusão de acordos bilaterais entre a República do Mali e os países parceiros" desta força especial.

Em resposta, a Dinamarca esclareceu hoje que o envio das tropas ocorreu na sequência de um "convite claro" do regime maliano e pede à junta para "clarificar" por que motivo pede agora a sua retirada.

O Governo de Copenhaga anunciou na semana passada que um contingente de 90 militares dinamarqueses chegara ao Mali para se juntar ao grupo de forças especiais europeias Takuba.

"O seu objetivo é estabilizar o Mali e partes da zona fronteiriça Liptako-Gourma entre o Mali, o Níger e o Burkina Faso e assegurar a proteção dos civis contra os grupos terroristas", disseram então as forças armadas dinamarquesas em comunicado.

A força Takuba foi lançada em 2020 e reúne tropas especiais europeias com o objetivo de apoiar os militares malianos na luta contra os 'jihadistas'.

Para além da França, que a lidera, e de Portugal, reúne soldados dos Países Baixos, Estónia, Suécia, Bélgica, República Checa, Noruega, Itália e Hungria.

Inédito no contexto da crise securitária e política que o Mali vive há anos, o pedido da junta maliana de retirada do contingente dinamarquês surge em pleno braço de ferro entre os militares malianos e parte da comunidade internacional, que exige a transição do país africano para um poder civil num futuro próximo.

Leia Também: Mali presta última homenagem ao antigo Presidente Ibrahim Boubacar Keita

Recomendados para si

;
Campo obrigatório