Sudão. Milhares de manifestantes voltam a sair à rua contra o poder
Milhares de manifestantes anti-golpe de Estado marcharam hoje por Cartum, em direção ao palácio presidencial, e em outras cidades do Sudão, relataram jornalistas da AFP.
© Getty Images
Mundo Sudão
Os ativistas convocaram um novo dia de mobilização para exigir um governo civil num país que esteve quase sempre sob o domínio do exército desde sua independência há 66 anos.
Os manifestantes denunciam também a repressão que, desde o golpe militar de 25 de outubro, matou 73 manifestantes, segundo um sindicato de médicos pró-democracia.
Segundo a polícia, um oficial foi também esfaqueado até a morte por manifestantes.
No protesto de hoje, os manifestantes voltaram a sair à rua aos milhares em Cartum e nos subúrbios da capital, mas também em Madani, 200 quilómetros a sul, em Gedaref e Port-Sudan, na costa leste do país, gritando "poder às pessoas!".
Com o golpe de Estado de 25 de outubro de 2021, o chefe do exército, general Abdel Fattah al-Burhane, interrompeu a transição para um poder inteiramente civil prometido há mais de dois anos, após a queda do ditador Omar al-Bashir, sob pressão do exército e da rua.
O partido Umma, o mais antigo do país, com vários dirigentes presos durante o golpe, voltou hoje a reiterar, em comunicado, o que os manifestantes costumam gritar: é preciso "apagar todos os vestígios do golpe", para voltar a um governo civil e "remover imediatamente o líder dos golpistas e seu o poder".
Como tem ocorrido sempre na véspera das manifestações à noite, as forças de segurança realizaram no domingo incursões, prendendo membros dos "Comités de Resistência" em diferentes distritos de Cartum, indicaram essas organizações locais, a verdadeira espinha dorsal da mobilização.
A comunidade internacional, por sua vez, tem vindo a aumentar os apelos ao diálogo e a ONU continua a reunir-se com os diversos atores do país sem que tenha conseguido reuni-los até o momento.
O general Burhane anunciou recentemente um governo "encarregado dos assuntos atuais", composto por altos funcionários e ministros de antigos grupos rebeldes armados.
O Sudão vive um impasse político desde o golpe militar de 25 de outubro de 2021, que ocorreu dois anos após uma revolta popular, protagonizada já então pelos comités de resistência, para remover o autocrata Omar al-Bashir e o seu Governo islamita em abril de 2019.
Sob pressão internacional, os militares reinstalaram em novembro o primeiro-ministro deposto no golpe, Abdalla Hamdok, para liderar um Governo tecnocrata, mas o acordo não envolveu o movimento pró-democracia por detrás do derrube de Al-Bashir.
Desde então, Hamdok não conseguiu formar Governo perante protestos incessantes, não só contra o golpe de Estado, mas também contra o seu acordo com os militares e acabou por se demitir em 02 de janeiro.
As Nações Unidas preveem que 30 por cento dos sudaneses vão precisar de ajuda humanitária este ano.
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