ONU exige fim dos ataques aos 'media' no Sudão
As Nações Unidas exigiram hoje ao Governo militar do Sudão que ponha fim aos ataques contra jornalistas após a "detenção arbitrária" de trabalhadores da televisão Al Arabiya e a retirada da acreditação à Al-Jazeera.
© Reuters
Mundo Sudão
O Governo sudanês retirou no sábado a acreditação ao canal de 24 horas Al-Jazeera Mubasher, acusando-a de "cobertura não-profissional" dos protestos populares contra o golpe militar de 25 de outubro.
Segundo o alto comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em 13 de janeiro as forças armadas sudanesas entraram também no escritório do canal Al Arabyia na capital, Cartum, e detiveram arbitrariamente quatro funcionários que cobriam os protestos desde a varanda do edifício.
A porta-voz do alto comissariado, Ravina Shamdasani, denunciou os factos e exigiu às autoridades sudanesas que parem de perseguir os meios de comunicação social para garantir o pleno respeito dos direitos à liberdade de expressão e de reunião pacífica.
"Os jornalistas e as organizações de comunicação social devem poder realizar o seu trabalho crucial livremente e a salvo de qualquer acosso ou intimidação", acrescentou.
Shamdasani mostrou também preocupação pelas sete mortes e dezenas de feridos nos protestos de segunda-feira contra o governo militar sudanês, nas quais as forças de segurança usaram munições reais para dispersar os manifestantes.
"Mais de 25% dos feridos foram atingidos diretamente por latas de gás lacrimogéneo. Preocupa-nos a possibilidade de as forças de segurança estarem a disparar as latas em posição horizontal, dirigidos contra pessoas, em violação das normas internacionais", denunciou a porta-voz.
"Devem ser realizadas investigações exaustivas, rápidas e independentes, e as autoridades têm o dever de garantir que os autores de violações de direitos humanos são levados à justiça", acrescentou.
As estatísticas do Comité Central de Médicos do Sudão apontam para 71 mortos (17 já este ano) e mais de 2.200 feridos pelas forças de segurança durante os protestos desde o golpe de Estado de 25 de outubro.
O Sudão vive um impasse político desde o golpe militar de 25 de outubro de 2021, que ocorreu dois anos após uma revolta popular, protagonizada já então pelos comités de resistência, para remover o autocrata Omar al-Bashir e o seu Governo islamita em abril de 2019.
Sob pressão internacional, os militares reinstalaram em novembro o primeiro-ministro deposto no golpe, Abdalla Hamdok, para liderar um Governo tecnocrata, mas o acordo não envolveu o movimento pró-democracia por detrás do derrube de Al-Bashir.
Desde então, Hamdok não conseguiu formar Governo perante protestos incessantes, não só contra o golpe de Estado, mas também contra o seu acordo com os militares e acabou por se demitir em 02 de janeiro.
As Nações Unidas preveem que 30 por cento dos sudaneses vão precisar de ajuda humanitária este ano.
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