A decisão do juiz à pretensão do Ministério Público será anunciada quarta-feira às 15:00 locais (13:00 em Lisboa).
Em todo o caso, o regresso de Petro Poroshenko à Ucrânia abre o risco de causar uma crise política doméstica em plena tensão geopolítica com a Rússia.
O avião em que viajou o ex-governante aterrou hoje de manhã no Aeroporto Internacional Igor Sikorsky, na capital ucraniana, Kiev, vindo de Varsóvia, Polónia.
Depois de um breve discurso para os vários milhares de apoiantes que o esperavam em frente ao aeroporto, o ex-chefe de Estado, principal opositor do atual Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, dirigiu-se ao tribunal de Kiev.
"O poder está confuso e fraco. Em vez de lutar contra (o Presidente russo, Vladimir) Putin, está a tentar lutar contra nós", afirmou o ex-Presidente aos cerca de mil apoiantes, que se concentraram junto ao tribunal a gritar pelo seu nome.
Poroshenko, de 56 anos, acusa o seu sucessor, Volodymyr Zelensky, de ordenar a sua perseguição e acusação como forma de "distrair a atenção" dos problemas reais do país.
Um dos homens mais ricos da Ucrânia, o ex-Presidente ucraniano é o principal rival do atual Presidente.
As autoridades suspeitam que ele tenha mantido, durante a sua Presidência, ligações comerciais com separatistas pró-russos no leste ucraniano, o que poderá constituir um ato de "alta traição".
O regresso de Petro Poroshenko acontece num momento em que a Ucrânia teme uma invasão da "vizinha" Rússia, que há meses concentra tropas e veículos blindados nas suas fronteiras.
Moscovo nega qualquer plano de uma ofensiva militar, mas exige, sob pena de represálias, que os norte-americanos e europeus se comprometam a nunca aceitar a Ucrânia na Aliança Atlântica (NATO).
Poroshenko, cuja fortuna é estimada em cerca de 1,4 mil milhões de euros pela revista especializada Forbes, liderou o país entre 2014 e 2019, antes de ser derrotado por Zelensky, um ex-comediante acabado de se estrear no mundo da política.
Agora deputado, o ex-Presidente já foi citado em dezenas de processos judiciais e, em dezembro passado, as autoridades anunciaram que estavam a analisar a possibilidade de o acusar de "alta traição".
No domingo, Poroshenko justificou o seu regresso à Ucrânia com a necessidade de combater as acusações de traição e disse acreditar que essa luta vai ajudar na defesa da unidade nacional.
"Voltarei à Ucrânia para lutar pela Ucrânia", disse Poroshenko, em conferência de imprensa, acrescentando que considera que as acusações têm "motivação política" e mostrando-se otimista ao afirmar que "definitivamente não" considerava poder ser preso no seu regresso a casa.
Leia Também: Ex-Presidente ucraniano regressou ao país apesar do risco de detenção