Entre os deportados estavam 17 menores, incluindo bebés, que foram localizados cerca de 36 horas depois, num bote insuflável sem motor, a 200 quilómetros ao sul da ilha, onde foram resgatados e levados para a província turca de Izmir.
Os refugiados explicaram à organização humanitária Aegean Boat Report que a guarda costeira grega os "sequestrou" em Lesbos, tendo confiscado os seus telemóveis, dinheiro e todos os objetos de valor, além dos seus agasalhos.
O grupo desembarcou na tarde de 09 de janeiro ao sul do acampamento de Tsonia, na costa nordeste de Lesbos, e no dia seguinte decidiu mudar-se para a cidade vizinha para obter ajuda de organizações humanitárias.
A Aegean Boat Report entrou em contacto com as autoridades gregas para informar que o grupo de 25 pessoas queria pedir asilo à Grécia e precisava de proteção internacional, mas não recebeu nenhuma resposta, adiantaram os refugiados.
Poucas horas depois, vários homens vestidos de preto, armados e com máscaras de esqui na cara aproximaram-se do grupo de afegãos numa carrinha e mandaram-nos parar apontando-lhes uma pistola e disparando tiros de dissuasão para o ar, de acordo com o relato.
O grupo foi então obrigado a entrar numa carrinha, que o transportou para um cais, onde 10 a 15 homens mascarados esperavam, tendo colocado os refugiados numa lancha que os levou a um barco maior no meio do mar.
"Colocaram-nos no convés, sob uma lona de plástico branca, para que ninguém nos visse, e disseram-nos que nos iam levar para Atenas", explicou um dos refugiados ao Aegean Boat Report.
Depois de mais de sete horas a navegar, o barco parou, no meio da noite, e os refugiados foram forçados violentamente a entrar em botes salva-vidas sem motor, onde ficaram à deriva até as 23:15 do dia 10 de janeiro, quando finalmente foram resgatados pela guarda costeira turca.
Esta não é a primeira vez que organizações humanitárias que operam no mar Egeu denunciam práticas semelhantes de devoluções forçadas de refugiados pelas autoridades gregas para travar a chegada de migrantes, prática que o Governo nega categoricamente, garantindo que tudo o que faz para proteger fronteiras marítimas é legal.
No final de dezembro, a guarda costeira turca resgatou 102 refugiados, perto das costas ocidentais de Izmir e Aydin, em barcos que foram, alegadamente, empurrados para as águas daquele país por agentes gregos.
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