Israel apela à calma após confrontos no deserto do Neguev
O Governo israelita tentou hoje acalmar as tensões com a minoria beduína, após novos confrontos devido a um polémico projeto de reflorestação no deserto do Neguev, que está a ser um teste para a frágil coligação no poder.
© Reuters
Mundo Israel
Cerca de 200 manifestantes beduínos entraram hoje em confronto com as forças da ordem que tentavam fazê-los dispersar com granadas de atordoamento no deserto do Neguev, noticiou a agência francesa AFP no local.
"Dezasseis suspeitos que atiraram pedras aos polícias foram detidos e estão a ser interrogados", indicou mais tarde a polícia israelita, acrescentando que cinco polícias tinham sofrido ferimentos ligeiros.
Mais de 250.000 beduínos vivem no deserto do Neguev, no sul de Israel, e uma parte deles instalou-se há muito tempo em aldeias não-reconhecidas pelo Estado hebreu.
Os beduínos opõem-se à reflorestação de terrenos pelo Fundo Nacional Judaico (FNJ), um organismo pertencente à Organização Sionista Mundial e que gere nomeadamente as florestas em Israel.
Esse projeto, denunciam os beduínos, equivale a uma tomada de controlo pelo Governo de terras que eles consideram serem suas e constitui, portanto, um obstáculo à sua luta pelo reconhecimento oficial das suas aldeias pelo Estado.
O líder do partido árabe Raam, Mansur Abbas, grande defensor da causa beduína e importante apoio da coligação no poder, advertiu de que o seu partido não votará com o Governo sem o fim da reflorestação e o início de um processo de reconhecimento formal das comunidades beduínas.
Perante a polémica e na sequência dos tumultos, o ministro dos Assuntos Sociais, Meir Cohen, anunciou "um compromisso" sobre a questão.
"Os trabalhos de reflorestação terminarão hoje (quarta-feira), como previsto, e negociações alargadas decorrerão a partir de amanhã (quinta-feira) visando um acordo", declarou o ministro num comunicado.
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