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Membros da família real Zulu contestam sucessão ao trono em tribunal

Um tribunal sul-africano iniciou hoje a audiência de uma contestação judicial à validade da sucessão do rei Goodwill Zwelithini, que morreu no ano passado num hospital público na cidade portuária de Durban.

Membros da família real Zulu contestam sucessão ao trono em tribunal
Notícias ao Minuto

17:50 - 11/01/22 por Lusa

Mundo Sucessão

No caso, que está a ser ouvido no Tribunal Superior do KwaZulu-Natal, em Pietermaritzburg, capital desta província do sudeste do país, a primeira esposa do monarca zulu, a rainha Sibongile Winifred, juntamente com as suas duas filhas, contestam a validade do testamento do falecido monarca do reino amaZulu, o maior grupo étnico na África do Sul com mais de 11,5 milhões de súbditos.

A primeira mulher do monarca Zulu, aparentemente sem descendência real, alega ser a "esposa legítima", salientando que o seu matrimónio civil com o falecido monarca deveria ser reconhecido e que os restantes casamentos tradicionais de Zwelithini eram "inválidos".

"Se a validade dos outros casamentos era a intenção, porque não foi claramente especificado?", questionou hoje o juiz Mjabuliseni Isaac Madondo.

"É desnecessário, a razão pela qual estamos todos aqui é porque eles apresentaram documentos que carecem de clareza. Agora, temos que percorrer a história do direito comum e consuetudinário por causa disso", argumentou a defesa do príncipe Misuzulu, cuja sucessão ao trono está a ser contestada pela primeira mulher e as suas duas filhas.

O advogado de Misuzulu referiu depois que "na sua declaração inicial, Winifred inadvertidamente aceitou que os casamentos anteriores do falecido rei eram válidos".

No seu testamento, o rei Zwelithini, que tinha seis mulheres e pelo menos 28 descendentes, nomeou a monarca Zulu, de 65 anos, Shiyiwe Mantfombi Dlamini Zulu, irmã do rei Mswati III do reino de Essuatíni (antiga Suazilândia) e sua terceira mulher.

A rainha regente, que morreu em 29 de abril no hospital, foi nomeada em 24 de março regente do reino amaZulu, após a morte do rei dos zulus Goodwill Zwelithini ka Bhekuzulu, com 72 anos.

Por sua vez, a monarca Zulu nomeou o príncipe Misuzulu Sinqobile kaZwelithini, de 47 anos, como seu sucessor no testamento, lido na noite de 7 de maio em que a Casa Real anunciou também a sua sucessão ao trono do seu pai Goodwill Zwelithini kaBhekuzulu.

O processo judicial dividiu a Casa Real amaZulu, com mais de 200 anos desde a sua fundação pelo rei Shaka kaSenzangakhona, obrigando o governo provincial do KwaZulu-Natal a suspender a coroação do novo monarca Zulu.

"Este é que é o rei do povo, Misuzulu é o monarca certo para os Zulus, e aqueles que estão a interferir e a fomentar este caso em tribunal vão ter de se justificar de uma forma ou de outra", disse hoje aos jornalistas uma das familiares próximas do rei Misuzulu à entrada do tribunal.

O rei Goodwill Zwelithini, que reinou desde 1971, morreu no dia 12 de março de 2021, devido a complicações associadas à diabetes e à covid-19, no hospital público Chief Albert Luthuli, em Durban, litoral do país, e foi sepultado na madrugada de 18 de março num local secreto em Kwanongoma, nas montanhas do norte da província do KwaZulu-Natal.

Nascido em 14 de julho de 1948, em Kwanongoma, Good Zwelithini era o filho mais velho do rei Cyprian e da sua segunda mulher, a rainha Thomo, segundo a biografia oficial do monarca.

Foi coroado em 03 de dezembro de 1971 como oitavo monarca do povo Zulu, de uma linhagem direta do rei Shaka, três anos depois da morte de seu pai, em 1968, numa cerimónia tradicional em Kwanongoma assistida por 20.000 pessoas.

Goodwill Zwelithini visitou a Madeira e esteve em Lisboa a convite do herdeiro da coroa portuguesa, Duarte Pio, duque de Bragança, em abril de 1992, onde foi recebido também pelo então Presidente Mário Soares.

Voltou a estar em Portugal, em maio de 1995, no casamento do duque de Bragança nos Jerónimos.

Goodwill Zwelithini ka Bhekuzulu (1948-2021), rei do povo Zulu desde a década de 1960, era o único administrador de cerca de três milhões de hectares de terra sob o Fundo Ingonyama, criado em 1994, para salvaguardar "o bem-estar material e social dos membros das tribos e comunidades" que fazem parte de cerca de 11 milhões de pessoas que habitam a província do KwaZulu-Natal, a segunda mais povoada do país.

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