Myanmar: ONG denuncia exportação de madeira para EUA apesar de sanções
Cerca de 1.600 toneladas de teca birmanesa foram exportadas para empresas norte-americanas no ano passado, em violação das sanções impostas por Washington após o golpe contra Aung San Suu Kyi, denunciou hoje a ONG Justice for Myanmar.
© Stephan Schulz/picture alliance via Getty Images
Mundo Myanmar
Segundo a organização não governamental, 82 remessas daquela madeira chegaram aos Estados Unidos entre fevereiro e final de novembro de 2021.
O material serve principalmente para "pranchas e madeiras usadas para construção naval, decks para o ar livre e móveis", refere a Justice for Myanmar, que considera "provável que uma quantidade ainda maior" seja exportada para os Estados Unidos "através de países terceiros, como a China".
A junta militar birmanesa levou a cabo um golpe de Estado em 01 de fevereiro de 2021 e reprimiu violentamente os movimentos civis de protesto, levando Washington a adotar sanções direcionadas contra os militares, entre as quais a proibição de empresas norte-americanas de importarem teca birmanesa.
A Myanmar Timber Enterprise (MTE), a empresa madeireira nacional, está, de facto, nas mãos dos generais e representa uma receita muito importante.
A Justice For Myanmar pede a Washington que verifique se as sanções são aplicadas de facto e pede que seja proibida a importação de todos os tipos de madeira.
"Os Estados Unidos têm o poder de cortar esse fluxo financeiro para a junta (...) e apoiar a luta do povo birmanês para acabar com a tirania", explica a ONG.
Myanmar (antiga Birmânia) continua a ser uma das últimas reservas de teca do mundo, uma madeira preciosa altamente valorizada pela sua resistência e estética, fonte fundamental de receita do exército.
No entanto, segundo a organização Global Forest Watch, o país perdeu quatro milhões de hectares de floresta entre 2001 e 2020, o equivalente à área da Suíça.
O exército justificou o seu golpe de Estado alegando fraude nas eleições de 2020, vencidas pela Liga Nacional para a Democracia, de Aung San Suu Kyi.
Desde então, mais de 1.400 civis foram mortos pelas forças de segurança, de acordo com a ONG Associação de Assistência a Presos Políticos.
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