Fernández pede investigação a uso abusivo de serviços secretos por Macri
O Presidente argentino, Alberto Fernández, instou hoje a Justiça a "investigar sem demoras e apurar as diferentes responsabilidades" pelo alegado uso dos serviços secretos durante o Governo de Mauricio Macri (2015-2019) para realizar perseguições ilegais.
© Reuters
Mundo Argentina
"A Justiça Federal está a investigar uma denúncia que ordenei que fosse feita sobre a Agência Federal de Serviços Secretos para que se investiguem ações do anterior Governo que promoveram a espionagem ilegal e diversas perseguições judiciais de sindicalistas e opositores", anunciou o Presidente na sua conta da rede social Twitter.
Fernández referia-se à polémica política que se iniciou na semana passada, quando foram divulgadas declarações emitidas em 2017 pelo então ministro do Trabalho da província de Buenos Aires, e atual membro da oposição, Marcelo Villegas, em que criticava o trabalho dos sindicalistas e aludia à possibilidade de criar "uma Gestapo" (polícia secreta da Alemanha nazi) contra eles.
Num vídeo apresentado à justiça pela Agência Federal de Serviços Secretos (AFI), com imagens pertencentes a um arquivo de junho de 2017, pode ver-se Villegas reunido com outros funcionários e empresários, no presumível planeamento de uma estratégia para impulsionar ações judiciais contra sindicalistas locais.
O chefe de Estado argentino acrescentou que, no início do seu mandato, denunciou "a existência de mais de 100 telemóveis encriptados fornecidos pela AFI a pessoas em que se incluíam responsáveis governamentais nacionais, mas também pessoas da justiça e parceiros políticos e comerciais do Cambiemos", o partido da coligação com que Macri chegou à Presidência da República em 2015.
Alberto Fernández indicou que alguns desses dispositivos foram distribuídos a: María Eugenia Vidal, ex-governadora da província de Buenos Aires; ao procurador-geral da província de Buenos Aires, Julio Conte Grand; a Daniel Angelici, ex-presidente de Boca; a Gustavo Ferrari, ex-ministro da Justiça da província de Buenos Aires; ao empresário Nicolás Caputo; e a Martín Ocampo, ex-procurador-geral da cidade de Buenos Aires Aires, entre outros.
O Presidente questionou-se sobre a razão da existência de tais telefones encriptados, entre outras coisas, e exigiu uma resposta.
"O uso dos serviços secretos do Estado de direito para fazer espionagem interna e para promover perseguições criminais é decididamente nojento e, consequentemente, inadmissível", defendeu.
"Perante a gravidade dos factos e a existência de indícios graves, precisos e concordantes que dão conta de um presumível método ilegal de perseguição, a Justiça deve investigar sem demoras e apurar as diferentes responsabilidades de autores e cúmplices nestes factos", acrescentou o Presidente argentino.
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