Meteorologia

  • 19 ABRIL 2024
Tempo
15º
MIN 14º MÁX 21º

Macau, da dúvida sobre concurso do jogo à aposta no funeral dos 'junkets'

As previsões para 2022 em Macau sparecem assombradas por uma inquietação existencial e um consenso: duvida-se que se avance com o concurso para exploração do jogo, dá-se como seguro o funeral dos 'junkets' e mercado VIP.

Macau, da dúvida sobre concurso do jogo à aposta no funeral dos 'junkets'
Notícias ao Minuto

09:53 - 20/12/21 por Lusa

Mundo 2022

O Governo da capital mundial dos casinos continua a marcar no calendário de 2022 um dia para o concurso público de atribuição de novas licenças do jogo, mas analistas ouvidos pela agência Lusa suspeitam que falta tempo e que a conjuntura não é a melhor.

Basta olhar para os últimos dois anos. A covid-19 praticamente acabou com os turistas, infetou as contas dos casinos e gripou a economia da capital mundial do jogo. E esse cenário aconselha a um adiamento do concurso e consequente extensão das atuais licenças, por um ano, estimam.

O jurista Carlos Lobo, que foi assessor do Governo de Macau, participou na elaboração da lei do jogo e integrou em 2001-2002 a comissão do primeiro concurso público de concessão dos casinos, resume assim a probabilidade: "Será quase impossível".

Mas a acontecer, ressalva, "será, sem dúvida, o evento do ano", até porque, "tal como em 2001-2002", o concurso "vai determinar o que será Macau nas próximas duas décadas".

Uma coisa parece certa: "Em 2022, será mais que provável a erradicação do sistema dos 'junkets'", as empresas de angariação de grandes apostadores.

Razões não faltam, sublinha, exemplificando: o facto de a concessão de crédito aos apostadores ter os dias contados em Macau e os constrangimentos que recaem sobre as operadoras devido à "nuvem negra que paira sobre esse sistema em relação ao cumprimento das obrigações jurídicas".

Afinal, nenhum casino "pode dar-se ao luxo de operar num sistema que o próprio Governo central chinês veio dizer que atua de forma ilegal", sendo que "o maior deles está alegadamente envolvido em atividades criminosas".

Tal como Carlos Lobo, o economista José Sales Marques duvida que o concurso avance no próximo ano, até porque "uma extensão permitiria lançá-lo numa conjuntura diferente" daquela que a pandemia criou, de crise económica geral e de perdas sem precedentes para os casinos.

Mas, a acontecer, há uma convicção que destaca: "O modelo em que assentava o jogo, de dependência em relação ao mercado VIP, vai mudar de certeza", o que se traduz "na necessidade de atrair o mercado de massas, (...) um mercado mais híbrido, cujo perfil não será a 100% de jogo".

A questão do crédito aos jogadores, enfatiza, é mais uma mensagem clara de Pequim, em sintonia com a grande motivação da China, "que está a apertar com o jogo para controlar a saída de capitais".

"É um problema cada vez mais claro, sendo que o descontrolo sobre o movimento de capitais é visto não só como uma questão económica, mas de segurança de Estado", acrescenta.

A necessidade de diversificação tem tanto de discurso motivacional dos governos local e central, como de aviso à navegação, têm apontado analistas como Albano Martins, que chega a admitir a ideia de que Pequim quer mesmo acabar com o jogo em Macau.

Contudo, a prometida regeneração económica com a aposta em Hengqin, uma ilha vizinha da China continental para onde Macau deverá crescer nas próximas décadas, numa parceria com a província de Guangdong, ainda vai demorar, ressalva Sales Marques.

As autoridades afirmam que o projeto é essencial para combater a dependência da indústria do jogo, que atualmente representa 55,5% do PIB e 80% das receitas do território, e prometem apostar no desenvolvimento de indústrias em áreas como saúde, financeira, tecnologia de ponta e turismo. Mas isso "leva algum tempo para ganhar suficiente dimensão, para crescer", reitera.

A haver tempo, o concurso público poderá dissipar algumas das dúvidas já em 2022. Sendo certo que não haverá lugar para mais operadores na indústria do jogo, fica por perceber se é mesmo para 'emagrecer' o número de casinos, de cujas receitas depende o orçamento do Governo e é hoje refém a economia da Las Vegas da Ásia.

Leia Também: Restaurantes portugueses em Macau ajudam a esquecer saudades no Natal

Recomendados para si

;
Campo obrigatório