Ucrânia. Paris adverte Moscovo com "massivas consequências estratégicas"
A Rússia sofrerá "massivas consequências estratégicas" no caso de ataque à Ucrânia, advertiu hoje o chefe da diplomacia francesa e quando dezenas de milhares de soldados russos estão concentrados junto à fronteira leste do país.
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Mundo Diplomacia
"Decorrerão massivas consequências estratégicas caso se verifique um novo atentado à integridade territorial da Ucrânia. Tudo isso terá um custo muito importante para a Rússia", assinalou o ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Yves Le Drian, no parlamento nacional.
Em 2014 eclodiu no leste da Ucrânia uma guerra com os separatistas pró-russos, com Kiev e o Ocidente a acusarem Moscovo de apoio logístico e militar às forças russófonas que declararam duas repúblicas autónomas no Donbass.
O conflito, que provocou mais de 13.000 mortos, iniciou-se após a anexação da península da Crimeia pela Rússia.
A Rússia tem sido acusada pelo Ocidente de preparar uma nova invasão da Ucrânia e de deslocar forças consideráveis junto à fronteira comum.
O chefe da diplomacia francesa também sublinhou a "retórica geralmente alarmante por parte das autoridades russas".
"É necessário levar tudo isto a sério", insistiu, numa referência ao discurso público russo sobre a Ucrânia.
Recentemente, o Presidente russo, Vladimir Putin, referiu-se designadamente a uma crescente "russofobia" e a um risco de "genocídio" das populações russófonas no leste da Ucrânia, um discurso considerado inquietante para os que admite uma ofensiva militar.
Neste contexto volátil, "torna-se pelo menos necessário manter os canais de discussão com a Rússia para restabelecer os parâmetros de uma estabilidade estratégica sólida na Europa", considerou Jean-Yves Le Drian.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, contactou Vladimir Putin na terça-feira por telefone, e deverá reunir-se hoje em Bruxelas com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelenski.
A França e a Alemanha, mediadores do conflito desde os acordos de paz de Minsk em 2015, têm apelado a Rússia para regressar à mesa das negociações, ao lado da Ucrânia, no quadro do "formato Normandia", que associa os quatro países.
Por seu turno, o Presidente russo exige negociações "imediatas" com a NATO e os Estados Unidos para excluir qualquer novo alargamento da Aliança Atlântica no espaço da ex-União Soviética, em particular na Ucrânia.
"É necessário recuperar as discussões substanciais sobre uma solução política na Ucrânia e para isso regressar ao dispositivo do formato de Normandia, reencontrar a lógica dos acordos de Minsk e a lógica dos acordos de Paris de finais de dezembro de 2019", reiterou o ministro francês dos Negócios Estrangeiros.
No imediato, Paris apela a que sejam adotadas até ao Natal "medidas humanitárias", designadamente "a libertação dos prisioneiros, a abertura de alguns pontos de passagem e a reafirmação do cessar-fogo".
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