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Institutos de saúde africanos com dificuldade em atrair profissionais

O diretor-geral adjunto da Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou hoje que é cada vez mais difícil atrair os melhores profissionais para as agências de saúde pública africanas, quando noutras organizações podem ganhar quatro a cinco vezes mais.

Institutos de saúde africanos com dificuldade em atrair profissionais
Notícias ao Minuto

17:15 - 15/12/21 por Lusa

Mundo OMS

Num painel sobre os argumentos para uma nova ordem de saúde pública em África, no âmbito da primeira Conferência Internacional sobre Saúde Pública neste continente, que decorre por videoconferência até quinta-feira, Chikwe Ihekweazu alertou que, nas instituições de saúde pública em África, há um número limitado de especialistas, nomeadamente biólogos evolucionistas, cientistas de dados ou cientistas comportamentais.

"A nível nacional, mas também a nível local e regional, está a tornar-se cada vez mais difícil atrair as melhores pessoas para as nossas agências [de saúde pública]. Se queremos ser sérios sobre o trabalho que temos de fazer, isto não pode continuar. Precisamos de pagar melhor às pessoas", disse Ihekweazu.

No mesmo painel, a diretora adjunta do Instituto Nacional de Doenças Comunicantes da África do Sul, Natalie Mayet, sublinhou que se África quer criar uma nova ordem de saúde pública, tem de investir.

"A saúde é um investimento, não é uma despesa", disse Mayet, lembrando que a estratégia de recursos humanos da OMS para 2030 identificou um défice de 6,1 milhões de profissionais de saúde no continente africano.

Recordando a Declaração de Abuja, que definiu como objetivo que os países africanos invistam 15% dos seus orçamentos na saúde, a responsável disse que a maioria ainda está abaixo dos 8%, mas defendeu que é possível "obter mais saúde com o dinheiro" que existe.

Ama Pokuaa Fenny, do Instituto de Investigação Estatística, Social e Económica da Universidade do Gana, alertou que após a pandemia todos os Governos africanos dirão que "não há dinheiro".

"Será muito difícil para nós promovermos novas instituições de saúde pública", alertou.

"Temos de equilibrar o que precisamos para criar estas novas instituições e se conseguimos fazê-lo com o que já temos para as tornarmos mais bem-sucedidas", advogou.

E defendeu que todos nos sistemas de saúde devem "reduzir o desperdício que às vezes existe no setor da saúde e usar esses recursos para construir essas instituições que são cruciais não só para esta pandemia, mas para futuras pandemias que venham".

Numa referência às lições da pandemia, Natalie Mayet fez uma analogia entre a covid-19 e uma guerra.

"Os profissionais de saúde foram os nossos soldados. Primeiro não tínhamos soldados suficientes. Não tínhamos profissionais adequados, formados, especializados. Os que tínhamos formados e especializados sofreram de esgotamentos. Os nossos próprios soldados tinham medo de lutar", lembrou.

E recordou também que "houve muitos soldados nesta luta que foram esquecidos", nomeadamente os que trabalharam nos institutos de saúde pública, "dia e noite a recolher dados e a comunicar, a procurar abastecimentos, as pessoas das finanças".

"Estavam à procura de recursos e foram esquecidos, não foram considerados como estando na linha da frente. Mas estavam", alertou, referindo-se por fim aos profissionais de saúde que morreram na pandemia.

"Só na África do Sul perdemos mais de mil profissionais de saúde, cerca de 1.300, muitos deles especialistas e demora quase 24 anos a desenvolver um especialista", lamentou.

Por isso, frisou, é preciso pensar como substituir estas pessoas, onde ir buscar a nova geração de profissionais de saúde, tendo em conta que, segundo estimativas do Banco Mundial, existe um défice de 51% de profissionais de saúde no continente.

Leia Também: OMS em alerta com doença mistério que já matou 89 pessoas no Sudão do Sul

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