Dois altos dirigentes das FDLR condenados a 10 anos de prisão no Ruanda
Um tribunal ruandês especializado em crimes internacionais condenou hoje dois membros proeminentes do grupo armado rebelde Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR) a dez anos de prisão por terrorismo.
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Mundo Ruanda
O ex-porta-voz das FDLR, Ignace Nkaka, e o chefe do serviço de informações, Jean-Pierre Nsekanabo, foram considerados culpados de terrorismo de motivação política, pertença a um grupo armado ilegal, assassínio, desacreditação do Ruanda em países estrangeiros, conspiração contra o governo e disseminação de notícias falsas.
"Os dois poderiam ter sido condenados a penas entre os 15 e os 25 anos de prisão, mas como colaboraram com os investigadores e não fizeram o tribunal perder tempo isso não aconteceu", disse à Efe o porta-voz do ministério público do Ruanda, Harrison Mutabazi, citado pela agência noticiosa espanhola EFE.
Em outubro passado, o ministério público ruandês solicitou a pena de prisão perpétua para os dois arguidos devido aos ataques que as FDLR conduziram no país e os importantes postos que ocupavam no seio dos rebeldes.
Os serviços de informações da vizinha República Democrática do Congo (RDCongo) - onde o grupo rebelde ainda mantém bases -- detiveram Nkaka e Nsekanabo em 2018 quando ambos tentavam cruzar a fronteira que aquele país compartilha com o Uganda.
De acordo com as autoridades, antes de sua prisão, os dois rebeldes reuniram-se no Uganda com outro grupo de oposição ruandês no exílio, o Congresso Nacional de Ruanda (CNR).
Esses eventos deram início a uma escalada de tensões diplomáticas entre Kampala e Kigali, e os dois países acusaram-se mutuamente de apoiar os seus dissidentes.
Sinal da crise bilateral, no início de 2019, o Ruanda encerrou a fronteira com o Uganda, interrompendo o comércio regional.
As FDLR foram criadas em 2000 a partir do desejo de alguns líderes do genocídio de 1994 no Ruanda e de outros exilados ruandeses na vizinha RDCongo para tentar reconquistar o poder.
Originalmente, esse grupo integrava militares do Exército que organizou o genocídio, milicianos que participaram nesses massacres e refugiados ruandeses que fugiram para a RDCongo.
Nessa ocasião, as FDLR chegaram a contar com entre 15.000 a 20.000 combatentes armados, mas em 2020 tinham menos de 1.000, de acordo com o Barómetro de Segurança Kivu (KST, na sigla em inglês).
Desde 2016, devido a várias divisões internas e à pressão militar das autoridades democrático-congolesas, as FDLR perderam o controlo de muitos territórios no leste da RDCongo e a falta de combatentes e munições continua a limitar a sua capacidade operacional.
Em 2012, o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão contra o principal líder das FDLR, Sylvestre Mudacumura, por alegadamente cometer crimes de guerra na RDCongo.
O Ruanda considera as FDLR um "grupo terrorista" e o Conselho de Segurança das Nações Unidas acusou-as de "cometer graves violações do Direito Internacional (...), como assassínio, mutilação, violência sexual e deslocamento forçado de civis".
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