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Apoiantes consideram Zemmour "o homem providencial" para travar imigração

Milhares de pessoas acorreram hoje ao encontro do candidato às presidenciais francesas Éric Zemmour, entre os quais muitos antigos partidários de Marine Le Pen, para apoiar a nova sensação da política francesa que tem como prioridade travar a imigração.

Apoiantes consideram Zemmour "o homem providencial" para travar imigração
Notícias ao Minuto

18:17 - 05/12/21 por Lusa

Mundo França

"Viemos hoje apoiar o candidato que melhor representa a França, que é Eric Zemmour. Ele fala de forma honesta, ele não faz parte de um sistema, quer uma França unida. É o homem providencial que vai salvar a França e que vai permitir reinstaurar um verdadeiro regime republicano", disse Joseph, um notário de 30 anos, em declarações à agência Lusa.

Joseph segue há algum tempo a carreira de Éric Zemmour e veio hoje até Villepinte, nos arredores de Paris, para ouvir o candidato de 63 anos, na sua primeira grande reunião pública desde que se tornou candidato oficial às eleições presidenciais.

Os franceses conheceram primeiro Éric Zemmour como jornalista, tendo escrito para jornais como Le Figaro e, depois, como comentador político, tendo um grande protagonismo nos últimos anos no canal CNews, tendo encontrado também sucesso como escritor com títulos como "Suicídio francês", "Destino francês" ou "A França ainda não disse a sua última palavra".

"Há todo um programa político que vai apoiar-se nesse amor pela França, vamos tratar da imigração, vamos ter uma economia que se vai nacionalizar, somos favoráveis à Europa, mas vamos ver renascer a soberania francesa", disse o notário de 30 anos.

A imigração, nomeadamente o seu controlo, é a principal bandeira de campanha de Éric Zemmour, mas também de quem acorreu este domingo ao primeiro encontro do ex-jornalista como candidato oficial às presidenciais, que decorreu em Villepinte, a cerca de 15 quilómetros de Paris.

"A França enfrenta um perigo de morte e cada vez mais franceses estão a aperceber-se disso. Basta passear na rua, o país mudou. Quando eu era pequena não fechávamos a porta, nem o meu carro, agora não saio sozinha à noite nem na minha aldeia", declarou Isabelle, vinda da região de Moselle.

Esta francesa rejeita acusações de racismo por ser casada com um muçulmano vindo da Argélia e até considera os muçulmanos que vivem na sua aldeia como "simpáticos", mas "o problema é o número".

Zemmour, já condenado por incitação ao ódio contra muçulmanos, parece agora a Isabelle a opção óbvia para as presidenciais de 2022.

"Eu sempre votei Marine Le Pen. Mas acho que ela diluiu muito as suas ideias, nunca votei por ela com convicção, era só a melhor dos piores. Agora sim, voto com entusiasmo", declarou esta francesa de 61 anos.

Também na vida de Arthur, informático de 26 anos que vive na região de Paris, parece haver a mesma conclusão.

"Eu vejo as mudanças na cidade onde vivo, vejo cada vez mais pessoas não europeias. A uma determinada altura, como eles têm mais filhos do que nós, especialmente os africanos, vai haver uma mudança demográfica e a populaçõa vai mudar. Eu não acho isso bem porque muda a nossa identidade", declarou.

A "grande substituição", como descreve Arthur é um dos termos mais repetidos por Éric Zemmour nas suas intervenções públicas, onde o candidato descreve que a base de crenças e valores, assim como a cultura francesas estão em risco já que os estrangeiros têm mais filhos do que os franceses.

Estas convicções levaram Arthur, que nunca tinha participado em nenhum movimento político, a juntar-se este verão à Geração Z, um movimento de jovens que apoia Éric Zemmour e que trabalha na organização da sua campanha, seja a colar cartazes ou nas redes sociais.

"Encontrei pessoa simpáticas, que pensam como eu e com quem é possível discutir, permite-me fazer amigos. Debatemos e colamos cartazes", descreveu o jovem.

Muitos jovens no encontro usavam as suas 't-shirts' Geração Z e outros levantavam cartazes com o nome do candidato. Para quem não veio preparado, era possível comprar 't-shirs' com slogans como "Faites Zemmour, pas la guerre" (um trocadilho em francês entre amor, 'amour' e Zemmour), mas também canetas, isqueiros e bonés.

Os irmãos Louis e Jean enfiaram literalmente o boné e estão convictos de que Zemmour é o grande candidato da direita francesa.

"Apoiamos Éric Zemmour porque já não há grandes figuras à direita. Zemmour é o candidato natural da direita, ele não é extremista. Eu votava n'Os Repulicanos, mas fiquei desiludido porque eles não cumprem os programas que apresentam", confessou Louis de 33 anos.

Tendo votado até agora no partido clássico da direita francesa, os dois irmãos acreditam que muitos familiares e amigos têm as mesmas convicções que Éric Zemmour, mas que não admitem votar por ele.

"Acho mesmo que há espaço para Eric Zemmour, mesmo se muitas pessoas, por enquanto, não ousam dizer que votam por ele, porque é muito diabolizado pelos meios de comunicação social e é verdade que ele não é um político profissional, portanto comete erros", disse Jean de 30 anos.

Para estes jovens de direita, Éric Zemmour é a possibilidade de uma possível vingança nas urnas face às ideias de esquerda, como a abertura do casamento a pessoas do mesmo sexo, através da lei Mariage Pour Tous (casamento para todos) de 2013, que suscitou acesos debates, mas acabou por ser aprovada durante o mandato de François Hollande.

"Fazemos parte de uma geração politizada durante o debate do casamento para todos. Perdemos a batalha ideológica nessa época, mas eles [a esquerda] acordaram uma geração que hoje em dia coloca muitos problemas à esquerda em França", concluiu Louis.

Leia Também: Presidenciais francesas. Político de extrema-direita anuncia candidatura

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