Iranianos admitem retoma "provável" de negociações sobre o nuclear
As negociações sobre o nuclear iraniano prosseguiram hoje em Viena, antes de uma pausa para permitir aos países europeus analisarem as propostas apresentadas por Teerão, com a "provável" retoma do diálogo na segunda-feira, indicaram fontes iranianas.
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Mundo Irão
O anúncio ocorreu após os europeus terem hoje manifestado, na sequência do reinício das conversações em Viena na passada segunda-feira, a sua "deceção e preocupação" pelo curso das negociações, de acordo com responsáveis diplomáticos da França, Alemanha e Reino Unido (E3).
Em Teerão, a agência Irna indicou que as conversações serão "muito provavelmente" retomadas na segunda-feira, mas os peritos devem permanecer em Viena para prosseguir o seu trabalho.
Na quinta-feira, Ali Bagheri, o principal responsável iraniano pelo 'dossier' nuclear, indicou ter apresentado duas propostas para preservar o acordo sobre o programa nuclear de Teerão, no âmbito das conversações de Viena e após cinco meses de interrupção.
"Após a entrega do texto da proposta iraniana ao grupo P4-1 (China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha) e União Europeia, irá decorrer na sexta-feira uma reunião da comissão conjunta do acordo sobre o nuclear", precisou a agência oficial Irna.
"Esta reunião foi pedida pela parte europeia antes do regresso dos seus representantes às respetivas capitais para rever o texto proposto pelo Irão", acrescentou.
Segundo Bagheri, a primeira proposta iraniana "resume os pontos de vista da República islâmica sobre o levantamento das sanções e a segunda relaciona-se com as atividades nucleares do Irão".
"A partir de agora, a outra parte deve examinar estes documentos e preparar-se para negociar com o Irão na base dos textos que foram apresentados", especificou.
No entanto, altos responsáveis diplomáticos europeus manifestaram a sua "deceção e preocupação" pelo curso das negociações.
"Teerão insiste na quase totalidade dos compromissos que foram dificilmente admitidos" no decurso do primeiro ciclo de negociações entre abril e junho", declararam.
Segundo estes responsáveis ocidentais, as discussões serão retomadas em meados da próxima semana "para comprovar se estas divergência podem ser ultrapassadas, ou não", acrescentaram.
Mas "não está clara a forma como este distanciamento possa ser resolvido num calendário realista e na base do projeto iraniano", sustentaram.
Apesar destes comentários críticos, os diplomatas europeus continuam a manifestar o seu "pleno empenho na busca de uma solução diplomática". "O tempo urge", insistiram.
Em paralelo, e no decurso de um contacto telefónico com o seu homólogo europeu Josep Borrell, o chefe da diplomacia iraniana, Hossein Amir-Abdollahian, definiu o processo negocial como "positivo, mas globalmente lento", segundo o site do ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros.
"Pensamos que é possível um bom acordo, mas para tal é necessária uma alteração da abordagem de certas partes, que devem abandonar as suas declarações ameaçadoras e optar por documentos centrados na cooperação, respeito mútuo e resultados", prosseguiu a nota do ministério.
Segundo site da diplomacia iraniana, Borrell apelou a todas as partes que "demonstrem flexibilidade durante o prosseguimento das conversações" e "exortou [o negociador europeu Enrique] Mota a trabalhar de forma construtiva e ativa com o principal negociador iraniano e todas as delegações para a obtenção de um acordo".
O designado JCPOA (Plano de Ação Conjunto Global), concluído em 2015 entre o Irão e seis potências (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha), e na presença da União Europeia, está moribundo desde 2018 após a administração do então Presidente dos EUA Donald Trump ter decidido a sua retirada unilateral do acordo e impor a Teerão um verdadeiro bloqueio económico através de pesadas sanções.
Pelo contrário, o acordo de 2015 oferecia a Teerão um levantamento de parte das sanções em troca de uma redução drástica do seu programa nuclear, colocado sob o controlo da ONU.
Em resposta à decisão de Trump, o Irão optou por renunciar aos seus compromissos, e agora exige o fim das sanções como primeira medida para o regresso aos compromissos de 2015.
O atual Presidente norte-americano, Joe Biden, admitiu por sua vez disponibilidade para regressar ao acordo, caso o Irão reimponha as suas restrições nucleares.
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