Meteorologia

  • 28 MARçO 2024
Tempo
14º
MIN 11º MÁX 17º

Cabo Verde pede renegociação de moratória no pagamento da dívida africana

O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, considerou hoje ser urgente a renegociação e, em muitos casos, o perdão parcial e o alargamento da moratória no pagamento da dívida africana, até pelo menos 2022, em troca de investimentos.

Cabo Verde pede renegociação de moratória no pagamento da dívida africana
Notícias ao Minuto

14:13 - 02/12/21 por Lusa

Mundo Cabo Verde

"Entendemos que o período da moratória no pagamento da dívida precisa ser alargado. Por outro lado, urge uma renegociação da dívida e em muitos casos, o perdão parcial por parte dos principais credores, em troca de compromissos firmes dos países em fazer investimentos sustentáveis", considerou o chefe de Estado, que discursava na abertura da II edição da Conferência Económica Africana, que acontece na ilha do Sal.

O Presidente da República de Cabo Verde entendeu que, a concretizar, esses recursos deverão ser investidos em programas sociais, de capacitação do capital humano, de educação e de saúde.

"Mas também em programas de infraestruturação, o que melhoraria grandemente a qualidade de vida das populações, trazendo espaço para mais emprego, mais rendimentos, mais saúde, mais educação, menos pobreza e menos desigualdades", completou.

Por outro lado, o anfitrião da conferência disse que é "urgente" repensar o modelo de financiamento do desenvolvimento para África, orientado para a concretização dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e das aspirações da Agenda 2063.

Sublinhando que África não tem meios suficientes para financiar as medidas de resposta e recuperação à crise económica, pandémica e climática, José Maria Neves disse que há que assegurar outras formas e fontes de financiamento externo.

Para o chefe de Estado cabo-verdiano, a situação atual apela ao aprofundamento da expansão das bases fiscais a fim de aumentar a capacidade para financiar políticas públicas com recursos próprios, mas também implica a modernização dos mecanismos de financiamento da economia pelo setor privado nacional e internacional e "uma forte luta" contra os fluxos financeiros ilícitos.

O Presidente de Cabo Verde considerou ainda que a operacionalização da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) é uma "excelente oportunidade" de reforço e consolidação da integração continental.

É também um "fator relevante para ajudar a garantir a recuperação das economias africanas, após a pandemia da covid-19, na medida em que irá impulsionar o comércio intra-africano, apoiar a facilitação do comércio e realizar o mercado potencial de 1,2 mil milhões de pessoas", disse.

José Maria Neves defendeu ainda um "acesso justo e amplo" às vacinas contra a covid-19 em África e uma resposta da comunidade internacional através do financiamento, alívio da dívida e de outras formas e recursos.

"Não pode e nem deve ser um problema de elegibilidade com base no PIB per capita, mas sim uma resposta solidária às necessidades reais, e que faça justiça ao princípio estruturante da responsabilidade comum, mas diferenciada, sem deixar ninguém para trás!", referiu o chefe de Estado.

Relativamente a Cabo Verde, disse que não tem capacidade suficiente para, sozinho, injetar os níveis de recursos necessários para uma responder à crise pandémica, pelo que considerou que é preciso uma "estratégia de financiamento mais ampla" e reestruturação da dívida, para criar espaço fiscal no curto e médio prazos.

José Maria Neves aproveitou ainda a oportunidade para voltar a pedir um "tratamento diferenciado" a Cabo Verde em matéria de acesso ao financiamento em condições concessionais, bem como de facilitação do comércio e de alívio da dívida externa do arquipélago.

A II edição da Conferência Económica Africana reúne na ilha do Sal governos, investidores e académicos de países africanos para debater os desafios do financiamento ao continente no pós-pandemia de covid-19.

O evento, realizado em formato híbrido - presencialmente e por videoconferência --, é organizado em conjunto pela Comissão Económica das Nações Unidas para África, Banco Africano de Desenvolvimento e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

"Financiar o desenvolvimento de África no pós-covid-19" é o tema da conferência que é a principal reunião económica anual do continente.

Leia Também: "Dívida pública é uma bomba atómica em África", diz Vice-PM de Cabo Verde

Recomendados para si

;
Campo obrigatório