Sudão. Enviado da ONU diz que acordo não é perfeito mas impede guerra
O enviado especial das Nações Unidas ao Sudão disse hoje que o acordo sobre o regresso do primeiro-ministro, detido no golpe militar de 25 de outubro, salvou o país de resvalar para a guerra civil.
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Mundo Sudão
"O acordo não é perfeito, mas é melhor do que não haver nenhum acordo e continuar-se num caminho em que os militares, no final, haviam de ser os únicos governantes", disse Volker Perthes em declarações à agência de notícias Associated Press.
Os comentários do enviado especial da ONU ao Sudão surgem na sequência do acordo alcançado entre os líderes militares do Sudão e o primeiro-ministro, Abdallah Hamdok, que foi deposto e colocado em prisão domiciliária no seguimento do golpe de Estado, que motivou fortes críticas internacionais.
"Não teria sido possível excluir um cenário em que o Sudão seria uma coisa parecida com aquilo que vimos no Iémen, Líbia ou Síria", disse o enviado especial à AP através de uma videoconferência.
A tomada de poder pelos militares ameaçou fazer descarrilar o processo de transição democrática em que o país embarcou desde a saída do antigo ditador Omar al-Bashir.
O acordo, assinado no domingo, foi visto como a maior concessão feita pelo líder militar, Abdel Fattah al-Burhan, desde o golpe, mas os grupos pró-democracia no país consideram o acordo ilegítimo e acusaram Hamdok de permitir ser um joguete nas mãos dos militares.
Para Volker Perthes, ambos os signatários do acordo sentiram-se obrigados a fazer "concessões amargas" para poupar o país ao risco de mais violência, caos e isolamento internacional".
Nas manifestações que tiveram lugar desde o golpe, em 25 de outubro, em diferentes partes do país, 42 pessoas morreram e centenas foram feridas, muitas delas por tiros, segundo o Comité de Médicos, que se opôs ao golpe, embora os oficiais de segurança minimizem estes números e tenham assegurado que não utilizaram fogo vivo contra os manifestantes.
Entre os que apoiam as marchas anti-militares estão as forças políticas e civis que impulsionaram Hamdok e consideram o seu pacto com os militares como uma traição que legitima o golpe.
Numa entrevista com uma estação de televisão local na quarta-feira, Hamdok disse ter aceitado o acordo para evitar mais derramamento de sangue.
Hamdok estava em prisão domiciliária desde o golpe de 25 de outubro, liderado pelo general Abdel-Fattah al-Burhan, que mandou prender quase todos os civis no poder, pôs fim à união formada por civis e militares e declarou o estado de emergência.
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