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Guterres defende que levar adiante paz na Colômbia é "obrigação moral"

O secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu hoje que a Colômbia tem a "obrigação moral" de levar adiante o acordo de paz assinado com as FARC há cinco anos, que classificou como "uma inspiração" para a comunidade internacional.

Guterres defende que levar adiante paz na Colômbia é "obrigação moral"
Notícias ao Minuto

19:19 - 24/11/21 por Lusa

Mundo António Guterres

"Após mais de cinco décadas de conflito, e conscientes do sofrimento que causou (...), temos a obrigação moral de garantir que este processo de paz tenha êxito", sustentou Guterres na sua intervenção no ato comemorativo dos cinco anos de paz na Colômbia.

Segundo o líder da ONU, "a um mundo de divisões geopolíticas, guerras intermináveis e multiplicação de conflitos, a Colômbia envia uma mensagem clara: está na altura de investir na paz".

António Guterres acrescentou que a assinatura do acordo, cujos protagonistas -- o ex-Presidente da República Juan Manuel Santos e o último dirigente das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Rodrigo Londoño -- também intervieram na cerimónia de hoje, "gerou esperança e inspiração na Colômbia e em toda a comunidade internacional".

"Num mundo marcado por conflitos, muitos deles sem final à vista, um acordo de paz negociado para pôr fim a um conflito que muitos pensavam ser insolúvel é algo único e extremamente valioso", frisou.

Após reconhecer as "conquistas inegáveis" do acordo de paz, Guterres alertou para os riscos que correm sobretudo "as comunidades étnicas, as mulheres e as meninas" que "são sempre especialmente afetadas".

Entre esses riscos, referiu "a violência dos grupos armados ligados ao tráfico de droga, as ameaças e assassínios de ex-combatentes, líderes sociais e defensores de direitos humanos", nos quais as vítimas "muitas vezes são mulheres e populações indígenas".

Também apontou, entre essas ameaças, "o deslocamento e confinamento, a violência contra as mulheres, a violência sexual e o recrutamento de crianças".

"Tudo isso contraria a paz, e cada morte é, em si mesma, uma tragédia, cada morte envia uma mensagem devastadora a essas comunidades que ainda aguardam o cumprimento das promessas do acordo", observou.

O mais alto responsável das Nações Unidas disse ainda que transformações como aquelas de que a Colômbia precisa levam tempo e recordou que a aplicação do acordo de paz foi planeada para um período de 15 anos, pelo que ainda faltam dez, e acrescentou que "os desafios são parte dos processos de paz".

"Há muitos temas em relação aos quais se pode e deve estar em desacordo numa democracia, mas a paz não pode ser um deles", afirmou, sublinhando confiar no empenho da Colômbia neste processo, para o qual reiterou "o pleno apoio das Nações Unidas".

Também a União Europeia reiterou hoje o seu apoio ao "histórico acordo" de paz entre as autoridades colombianas e a extinta guerrilha das FARC, no quinto aniversário da sua assinatura, frisando que permitiu salvar "milhares de vidas" deste então.

"Por ocasião do quinto aniversário da assinatura do Acordo de Paz entre o Governo da Colômbia e o antigo grupo rebelde FARC-EP (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia -- Exército do Povo), a União Europeia reafirma o seu apoio a este histórico acordo", indicou em comunicado um porta-voz do Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell.

Segundo o porta-voz, o acordo, que "pôs fim a um conflito de décadas que matou mais de 200.000 pessoas e deixou milhões de deslocados, salvou milhares de vidas desde a sua assinatura".

"As FARC desarmaram-se e a grande maioria dos ex-combatentes continua comprometida com a reintegração na sociedade. As instituições do Sistema Integral de Verdade, Justiça, Reparação e Não-Repetição encontram-se plenamente operacionais e a trabalhar em conjunto com a justiça regular da Colômbia", frisou.

No entanto, o porta-voz chamou a atenção para o facto de a paz "ainda não ter chegado a todos os pontos" do país e recordou que a situação de segurança em zonas remotas e periféricas "continua a ser crítica e representa o principal desafio ao processo de paz atual".

Em concreto, indicou que prossegue a violência contra as comunidades locais e os assassínios dos seus líderes, bem como de defensores dos direitos humanos, ambientalistas e ex-combatentes.

"A presença total do Estado nestes territórios é uma condição prévia para a paz e a estabilidade, incluindo as instituições civis e o apoio ao desenvolvimento económico e social", a partir dos Programas de Desenvolvimento com Estratégia Territorial do executivo colombiano, defendeu.

Para a UE, o acordo de paz da Colômbia "é visto como um modelo em todo o mundo".

O porta-voz de Borrell assegurou que o bloco comunitário continuará a trabalhar em estreita cooperação com o Governo, o partido Comunes (ex-FARC), a sociedade civil e todos os interessados nacionais e parceiros internacionais, em particular a ONU, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e os respetivos Estados-membros, "para construir a paz duradoura que o povo colombiano merece", concluiu.

Leia Também: Guterres na Colômbia preocupado com os "inimigos da paz"

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