Governo nigeriano aponta erros em relatório sobre alegado massacre
O relatório da comissão de inquérito sobre a repressão sangrenta de um movimento de protesto em Lagos, em 2020, está "cheio de erros", disse hoje o Governo nigeriano, voltando a negar que tenha acontecido qualquer massacre.
© Reuters
Mundo Nigéria
Segundo o relatório da comissão, apresentado na semana passada às autoridades, na noite de 20 de outubro de 2020, o exército, e depois a polícia, abriram fogo sobre manifestantes pacíficos reunidos na portagem de Lekki, local emblemático de protesto na capital económica da Nigéria.
Onze pessoas morreram e 21 foram feridas por balas, segundo o relatório, que apontava ainda para o desaparecimento de quatro pessoas.
"Não há absolutamente nada neste relatório (...) que nos faça mudar a nossa posição [nomeadamente] de que não houve massacre em Lekki", disse hoje aos jornalistas o ministro da Informação nigeriano, Lai Mohamed, rejeitando a versão da comissão de uma repressão "semelhante a um massacre".
Referiu que o relatório estava "cheio de erros, inconsistências, discrepâncias, insinuações e conclusões que não são apoiadas por provas".
"O relatório está a ser divulgado para embaraçar o Governo federal", continuou.
No ano passado, um movimento contra a violência policial chamado #EndSARS, assim batizado em referência a uma unidade especial da polícia acusada durante anos de extorsão, tortura e até assassinato, abalou as principais cidades do país mais populoso do sul de África.
Terminou quando o exército e a polícia abriram fogo a 20 de outubro de 2020 na praça da portagem de Lekki, em Lagos, matando vários manifestantes.
Na sequência deste acontecimento, o governador do estado de Lagos, Babajide Sanwo-Olu, criou uma comissão de inquérito independente para investigar o assassinato.
Pouco depois, a Amnistia Internacional (AI) alegou que pelo menos dez manifestantes pacíficos tinham sido mortos no local.
No entanto, o governo federal sempre defendeu que as forças de segurança não dispararam munições vivas contra os manifestantes, apelidando o caso de "massacre fantasma".
Na semana passada, a comissão independente apresentou um relatório preliminar ao governador de Lagos que deveria permanecer confidencial até o Governo emitir "recomendações" no prazo de duas semanas. Mas o texto foi divulgado em redes sociais.
Um membro da comissão e um funcionário governamental confirmaram à agência AFP, sob a condição de anonimato, que o relatório publicado nas redes sociais era de facto o relatório apresentado ao Governo no dia anterior.
Por seu lado, Sanwo-Olu prometeu uma "resposta apropriada" às recomendações feitas pela comissão, acrescentando que um "livro branco" seria publicado até à próxima semana.
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