A resposta das forças de segurança aumentou de violência à medida que os milhares de manifestantes pró-democracia enchiam as ruas um pouco por todo o país para protestarem contra o golpe que motivou já críticas internacionais.
As forças de segurança utilizaram hoje munições reais e gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes em diferentes locais.
Pelo menos cinco manifestantes foram mortos em Cartum e na cidade de Omdurman: quatro por balas e um devido ao gás lacrimogéneo, de acordo com o Comité Médico do Sudão.
Registam-se ainda vários feridos, alguns com ferimentos de balas.
Os comícios, convocados pelo movimento pró-democracia, acontecem dois dias depois de o líder do golpe, o general Abdel-Fattah Burhan, se ter reelegido chefe do Conselho Soberano, o órgão governamental interino do Sudão, o que enfureceu a aliança pró-democracia e frustrou os Estados Unidos e outros países que instaram os generais a reverter o seu golpe.
"Para mim, este é um conselho ilegítimo e esta foi uma decisão unilateral que foi tomada apenas por Burhan", disse o manifestante Wigdan Abbas, um trabalhador de 45 anos. "Foi uma decisão tomada por uma pessoa, sem consultar a coligação para a liberdade e a mudança", afirmou.
Os militares sudaneses tomaram o poder em 25 de outubro, dissolvendo o governo de transição e prendendo dezenas de funcionários e políticos.
A tomada do poder levou a uma frágil transição planeada para um regime democrático, mais de dois anos após uma revolta popular forçar a queda do autocrata de longa data Omar al-Bashir e do seu governo islamita.
Os protestos de hoje foram convocados pela Associação dos Profissionais Sudaneses e pelos chamados Comités de Resistência. Ambos os grupos foram as principais forças por detrás da revolta contra al-Bashir, em abril de 2019.
Outros partidos e movimentos políticos juntaram-se ao apelo. O Comité dos Médicos Sudaneses também faz parte do movimento pró-democracia.
O movimento opõe-se ao regresso ao acordo de partilha do poder que estabeleceu o governo de transição deposto no final de 2019 e exige uma entrega total aos civis para liderar a transição para a democracia.
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