Crise diplomática: Argélia saúda declarações "respeitosas" de França
O Governo argelino saudou hoje as declarações da França a "manifestar respeito" pelo país numa altura de crise diplomática entre os dois Estados e anunciou que a Argélia participará sexta-feira numa conferência sobre a Líbia, em Paris.
© Reuters
Mundo Argélia
"Ao contrário das declarações na origem da crise, aquelas [proferidas terça-feira pelo Presidente francês, Emmanuel Macron] são razoáveis e incluem ideias que mostram respeito pela Argélia, pela sua história, pelo seu passado, pelo seu presente e também pela soberania argelina", afirmou hoje à imprensa o chefe da diplomacia argelina, Ramtane Lamamra.
O chefe da diplomacia da Argélia indicou que, por via disso, o Governo argelino estará presente na conferência sobre a Líbia, mas não a nível do chefe de Estado, Abdelmadjid Tebboune.
"Não estão reunidas as condições para que [Tebboune] participe pessoalmente na conferência, apesar do seu apego ao papel ativo da Argélia ao lado dos irmãos líbios, bem como à esperada solução pacífica e democrática para a questão líbia", acrescentou Lamamra após um encontro em Argel de chefes de missões diplomáticas e consulares argelinas.
Terça-feira, Macron lamentou "as controvérsias e mal-entendidos" com a Argélia e garantiu ter "o maior respeito pela nação argelina e pela sua história".
A 02 de outubro, em comentários publicados pelo jornal Le Monde, Macron provocou a ira de Argel ao acusar o sistema "político-militar" argelino de manter uma "memória seletiva", ao apresentar à população uma "história oficial reescrita" que se baseia em "inverdades".
Perante a situação, Tebboune decidiu chamar o embaixador argelino em França para consultas, poucos dias depois de o embaixador francês em Argel ter sido chamado, na sequência da decisão de Macron de reduzir drasticamente o número de vistos concedidos a cidadãos da Argélia, Tunísia e Marrocos.
Numa declaração emitida poucos dias depois, a Presidência argelina salientou que as declarações de Macron constituem um "ataque intolerável à memória de 5.630.000 corajosos mártires que sacrificaram as suas vidas na sua heróica resistência à invasão colonial francesa, bem como na Gloriosa Revolução de Libertação Nacional".
"Os crimes da França colonial na Argélia são inúmeros e satisfazem as definições mais exigentes de genocídio contra a humanidade. Estes crimes, que não estão sujeitos a qualquer estatuto de limitações, não podem ser sujeitos a manipulações ou interpretações mitigadoras", sublinhou a Presidência argelina.
Segundo a Presidência francesa, Tebboune foi convidado para a conferência que visa ajudar a Líbia a sair da crise, enquanto prosseguem os preparativos para as eleições presidenciais marcadas para 24 de dezembro.
Segundo a imprensa argelina de hoje, será Lamamra a representar a Argélia na conferência, naquela que será a primeira viagem a Paris de um governante argelino desde o início da crise.
Sábado passado, Tebboune advertiu que não daria o primeiro passo para tentar aliviar as tensões com o homólogo francês que, com as suas palavras, "reabriu um antigo conflito de uma forma totalmente desnecessária".
"Porque disse [Macron] isso? Acho que foi por razões eleitorais estratégicas", acrescentou Tebboune numa entrevista ao semanário alemão Der Spiegel.
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