Nicarágua: Portugal subscreve preocupações de Borrell com eleições
O ministro dos Negócios Estrangeiros indicou hoje que Portugal "subscreve os apelos e as preocupações" do Alto Representante da União Europeia para a Política Externa sobre as eleições de domingo na Nicarágua.
© Getty Imagens
Mundo Santos Silva
"As eleições presidenciais de ontem (domingo) na Nicarágua realizaram-se sem garantias democráticas, e os seus resultados carecem de legitimidade", escreveu o gabinete de Augusto Santos Silva na rede social Twitter.
Horas antes, Josep Borrell emitira um comunicado classificando o escrutínio como o último passo para transformar o país numa autocracia, pela mão do Presidente Daniel Ortega.
"As eleições de 07 de novembro completam a conversão da Nicarágua num regime autocrático", escreveu Borrell.
"Daniel Ortega eliminou toda a concorrência eleitoral credível, privando o povo nicaraguense do seu direito de eleger livremente os seus representantes", defendeu o chefe da diplomacia europeia.
Na mesma nota, Borrell adiantou que o regime de Manágua "não só privou o povo da Nicarágua do direito civil e político de votar numa eleição credível, inclusiva, justa e transparente, como também ficou aquém dos seus próprios compromissos em matéria de direitos humanos e liberdades fundamentais ao abrigo da Constituição da Nicarágua, da Carta Democrática Interamericana e dos pactos internacionais de que o país é parte".
Para a UE, "a integridade do processo eleitoral foi esmagada pelo encarceramento sistemático, o assédio e a intimidação dos pré-candidatos presidenciais, líderes da oposição, líderes estudantis e rurais, jornalistas, defensores dos direitos humanos e representantes empresariais".
"O povo nicaraguense foi privado da sua liberdade de expressão, associação e reunião pacífica. Vozes discordantes são silenciadas, dezenas de organizações da sociedade civil foram banidas e a repressão do Estado é implacável", denunciou ainda a UE, reiterando o apelo ao fim da repressão no país.
O Presidente nicaraguense, Daniel Ortega, foi reeleito para um quinto mandato de cinco anos (o quarto consecutivo), com 74,99% dos votos nas eleições de domingo, segundo os primeiros resultados parciais oficiais hoje divulgados.
Os resultados parciais baseiam-se na contagem de votos em 49% das mesas, de acordo com o tribunal eleitoral, que indicou ter-se registado uma participação de 65,34%.
Um observatório próximo da oposição, o Urnas Abertas, avançou, no entanto, que a abstenção chegou aos 81,5%, com base em dados de 1.450 observadores não-autorizados presentes em 563 assembleias de voto, durante esta eleição presidencial classificada pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, como "uma comédia".
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