Início de investigação deixa ativistas dos direitos humanos expectantes

Ativistas dos direitos humanos disseram ter ficado expectantes com a decisão do Procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, de avançar com uma investigação formal contra a Venezuela por crimes contra a humanidade.

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Lusa
04/11/2021 08:05 ‧ 04/11/2021 por Lusa

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Venezuela

"Já começaremos a ver acusados, gente que terá que enfrentar a justiça. Pressagiávamos vários cenários e, após superar-se alguns poucos otimistas, deu-se o melhor cenário para quem se sente vítima do Estado", explicou a advogada Andrea Santacruz aos jornalistas.

No entanto, segundo a diretora do Centro de Direitos Humanos da Universidade Metropolitana, de Caracas, muitas pessoas não entenderam que nesta nova fase, não se estabelecerá a culpabilidade do Estado, mas de individualidades e culpados.

"Para as vítimas é uma luz ao final do túnel e um sinal de que poderia haver justiça nos seus casos (...) um triunfo pela luta constante na busca de justiça e um passo importante no processo de reparação", explicou a advogada que representa vários casos conhecidos de vítimas de violações dos direitos humanos.

Por outro lado, Alí Daniels, diretor da ONG Acesso à Justiça, disse aos jornalistas que estava "gratamente surpreendido pela decisão" e que "não esperava" que a investigação formal "acontecesse a curto prazo".

"É uma boa notícia para as vítimas, um enorme progresso para a busca de justiça e significa um grande avanço para os que esperamos que se faça justiça neste país", frisou.

Segundo o diretor do Programa Venezuelano de Educação e Ação em Direitos Humanos (PROVEA), Rafael Uzcátegui, o início da investigação "corrobora que ocorreram crimes" que lesam a humanidade, no país.

"O Governo não conseguiu encerrar o exame preliminar do TPI Sobre a Venezuela", disse, lamentando que "até agora os crimes não foram devidamente investigados nem sancionados".

Segundo Uzcátegui, as autoridades locais têm agora "a oportunidade de, invocando o princípio de complementaridade, fazer investigações para que a jurisdição interna atue".

Várias organizações internacionais, entre elas a Human Rights Watch (HRW) viram o anúncio da abertura de uma investigação formal como "uma esperança para as vítimas".

"Esta decisão, a primeira na história da América Latina, dá uma esperança de justiça a centenares de vítimas da repressão brutal do regime de Maduro", escreveu o diretor da HRW para as Américas, José Miguel Vivanco, na sua conta do Twitter.

O Procurador-geral do TPI, Karim Khan, anunciou, quarta-feira, ao finalizar uma visita oficial a Caracas, que as denúncias contra a Venezuela por alegadas violações dos Direitos Humanos e crimes que lesam a humanidade, vão passar à fase de investigação formal.

Por outro lado, o Presidente Nicolás Maduro, disse que "não comparte, mas respeita a decisão", sublinhando que é o primeiro em querer "saber a verdade" e pediu "justiça para o nosso país".

Em novembro de 2020 a ex-procuradora-geral do TPI Fatou Bensouda, disse que existia "um fundamento razoável para acreditar que na Venezuela se cometeram crimes que lesam a humanidade", desde pelo menos abril de 2017.

Desde 08 de fevereiro de 2018, que o TPI investiga denúncias contra "autoridades civis venezuelanas, membros das forças armadas e indivíduos pró-governo por crimes contra a humanidade, prisão ou outra privação grave de liberdade física em violação das normas fundamentais do direito internacional".

Em causa estão vários casos de tortura, estupro e ou outras formas de violência sexual de gravidade comparável e perseguição de cidadãos por motivos políticos.

As denúncias apontam como responsáveis funcionários da Polícia Nacional Bolivariana, o Serviço Nacional de Inteligência Bolivariano (SEBIN, serviços de informação), a Direção-Geral de Contra-espionagem Militar (DGCIM, serviços de informação militar).

Também as Forças de Ações Especiais (FAES), o Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC), a Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar), o Comando Nacional Ante Extorsão e Sequestros (CONAS) e algumas outras unidades das Forças Armadas Bolivarianas da Venezuela.

Leia Também: Venezuela. Oposição elogia investigação do TPI e promete colaboração

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