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PAICV acusa Governo de não ter estratégia para relançar a economia

O PAICV, maior partido da oposição cabo-verdiana, acusou hoje o Governo liderado por Ulisses Correia de não ter uma estratégia para o relançamento da economia, enquanto o primeiro-ministro ironizou, recordando que o ciclo eleitoral já terminou.

PAICV acusa Governo de não ter estratégia para relançar a economia
Notícias ao Minuto

14:04 - 27/10/21 por Lusa

Mundo Cabo Verde

"O Governo, até hoje, não teve a arte nem o engenho para delinear e materializar uma visão estratégica para o relançamento da economia no pós-covid-19", acusou o líder parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), João Baptista Pereira, durante o debate mensal com o primeiro-ministro, na Assembleia Nacional, deste vez subordinado ao tema do Desenvolvimento Sustentável do país.

"É absolutamente pacífico que o ambiente de dificuldades e incertezas que vivemos deve-se, em larga medida, à pandemia de covid-19 e seus efeitos", reconheceu o líder parlamentar do maior partido da oposição, para logo a seguir lançar a crítica: "Cabo Verde está prestes a entrar num novo normal, com os mesmos instrumentos com que navegava antes e após a devastação causada pela pandemia".

Esta é a primeira sessão parlamentar após as eleições presidenciais de 17 de outubro, que José Maria Neves, antigo primeiro-ministro e antigo líder do PAICV venceu à primeira volta, com 51,7% dos votos, ato eleitoral que encerrou o ciclo eleitoral cabo-verdiano, iniciado em outubro de 2020, com eleições autárquicas, e que prosseguiu em abril passado, com legislativas.

"É bom centrarmo-nos naquilo que é o essencial, fazer um debate sereno, tranquilo, não reproduzir o estado de campanha eleitoral que foi trazido aqui pelo líder do grupo parlamentar do PAICV. As campanhas eleitorais já terminaram, o momento é de concentração naquilo que é o processo de desenvolvimento do país", afirmou o chefe do Governo, Ulisses Correia e Silva.

O também presidente do Movimento para a Democracia (MpD, maioria) acusou ainda o PAICV de manter "a mesma retórica de cobrança ao Governo".

"O Governo começou o novo mandato há cerca de seis meses, tem cinco anos pela frente para fazer executar o seu programa", sublinhou Ulisses Correia e Silva.

Momentos antes, o líder parlamentar do PAICV apontou que Cabo Verde "vive atualmente uma das mais profundas crises económicas e sociais da sua história" e que "inverteu" os "ganhos das últimas décadas" no combate à pobreza, com 20 mil empregos perdidos em 2020 e mais de 100 mil pessoas na pobreza temporária.

João Baptista Pereira criticou ainda a "privatização desastrosa" dos transportes aéreos em Cabo Verde, o aumento das tarifas de eletricidade, em média 30% desde 01 de outubro, o "custo elevado" da atual máquina pública e o "gordo elenco governamental" do executivo, para apontar tratar-se de um "Estado despesista e ineficiente" que não garante "um desenvolvimento sustentável" do país.

"Precisamos de acelerar o passo e realizar com urgência as reformas estruturais para definitivamente colocar Cabo Verde no trilho do desenvolvimento sustentável e inclusivo", reclamou o líder parlamentar do PAICV, cobrando ainda a promessa anterior do primeiro-ministro, que em 2019 apontou a necessidade de acelerar a diversificação da economia face à dependência do turismo, setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) e do emprego no país, mas que está praticamente parado desde março de 2020, devido à pandemia.

"Onde está, senhor primeiro-ministro, a propalada diversificação da nossa economia, para combate à prevalecente economia do mono produto? Onde está a diversificação do turismo, que para o PAICV requer reforço da qualidade e diversificação da oferta turística, nomeadamente com o aumento do peso da cultura, da história e da gastronomia?", disse.

Já Ulisses Correia e Silva criticou o PAICV por "agora reconhecer que há efeitos da covid-19" na economia cabo-verdiana -- recessão histórica de 14,8% do PIB em 2020 -, mas que por outro lado "passa em cima do que são as suas consequências, os seus impactos".

"Que são grandes e são graves. E continua-se nesse modo de campanha eleitoral, de determinado tipo de discurso para fora que, de facto, não é o discurso para fazer o debate que devemos fazer aqui. Nós quando falamos de desenvolvimento sustentável [tema deste debate mensal], estamos a projetar o longo prazo, por isso é que é a Agenda 2030. Vai-se construindo, sim senhor, mas numa perspetiva de longo prazo", afirmou.

Acrescentou que com a Agenda 2030 - programa com as principais prioridades de desenvolvimento para o arquipélago até ao final desta década - o Governo está a "projetar o país para o futuro", baseada na resiliência, mobilização de água para a agricultura, transição energética, economia azul ou desenvolvimento de capital humano através de qualificação profissional e educação, entre outros.

"E vem dizer que não há visão. Bom, o senhor tem a sua visão, que é a visão de campanha eleitoral (...) E chegaremos a 2030 em boas condições para diversificar a economia", reagiu Ulisses Correia e Silva, dirigindo-se à bancada do PAICV.

Na resposta, João Baptista Pereira recordou que o líder do MpD participou na recente campanha eleitoral ao lado do candidato Carlos Veiga (antigo primeiro-ministro e antigo líder do MpD), que falhou a terceira candidatura presidencial, ao ficar em segundo lugar.

"Comprendemos que não queira falar disso [campanha eleitoral], até porque fez campanha intensamente que já não deve ter prazer de fazer mais. E também levou a dose que prometeu ao PAICV", atirou o líder parlamentar, dirigindo-se a Ulisses Correia e Silva.

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