Justiça finlandesa retoma julgamento de antigo líder rebelde na Libéria

O julgamento do antigo líder rebelde da Serra Leoa Gibril Massaquoi, acusado de crimes cometidos na Libéria durante a guerra civil do país, foi hoje retomado na Finlândia, depois de o tribunal ter consultado testemunhas na África Ocidental.

Gibril Massaquoi

© KALLE PARKKINEN/Lehtikuva/AFP via Getty Images

Lusa
26/10/2021 17:29 ‧ 26/10/2021 por Lusa

Mundo

Gibril Massaquoi

Massaquoi, natural da Serra Leoa, está a ser julgado por uma série de assassinatos, violações e torturas cometidos na Libéria pelo próprio e por rebeldes da Frente Revolucionária Unida (RUF) entre 1999 e 2003.

Massaquoi era então um responsável da RUF, um grupo armado da Serra Leoa liderado por Foday Sankoh, próximo do antigo senhor de guerra da Libéria Charles Taylor.

O líder rebelde rejeitou todas as acusações e diz que não se encontrava na Libéria aquando dos acontecimentos.

Massaquoi esteve hoje presente no tribunal de Tampere, no sul da Finlândia, onde foi detido em março de 2020 após a mobilização por uma organização não-governamental (ONG), para ouvir uma testemunha convocada pela defesa, noticia hoje a agência France-Presse (AFP).

A testemunha, que falou sob anonimato, disse ter-se escondido com o réu em vários esconderijos na Serra Leoa entre 2002 e 2003.

Massaquoi foi autorizado a mudar-se para a Finlândia após testemunhar, em 2003, perante um tribunal estabelecido pelas Nações Unidas. Na ocasião, foi-lhe concedida imunidade por atos cometidos no seu país, mas não perante ações na Libéria.

O julgamento de Massaquoi, conhecido como 'Anjo Gabriel', teve início em fevereiro.

O tribunal deslocou-se à Libéria, onde nunca foram julgados crimes cometidos durante as guerras civis de 1989-1996 e 1999-2003, marcadas por numerosas atrocidades e que provocaram 250.000 mortos e milhões de deslocados.

No primeiro local que visitaram, a aldeia de Kamatahun, perto da fronteira com o Sudão, Gibril Massaquoi ordenou que os civis, incluindo crianças, fossem trancados em dois edifícios que foram depois queimados, e pelo menos sete mulheres foram violadas e mortas nessa localidade, segundo os relatos das testemunhas.

Os corpos de outros residentes foram esquartejados e "transformados em alimentos que o próprio Massaquoi também comeu", acrescentou um dos habitantes, citado pela agência noticiosa francesa.

Desde então foram realizadas audiências na Libéria entre fevereiro e abril e setembro e outubro deste ano.

A justiça finlandesa, que tem o poder de acompanhar crimes graves cometidos no estrangeiro, deverá ouvir mais testemunhas durante os próximos meses, esperando-se um veredicto em 2022.

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