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Parceiros internacionais devem estar "prontos a sancionar generais"

A Internacional Crisis Group (ICG) apelou hoje aos "parceiros internacionais do Sudão" a "condenarem a tomada do poder pelos militares" na segunda-feira e a estarem "prontos a sancionar os generais", se estes não restabelecerem o Governo de transição.

Parceiros internacionais devem estar "prontos a sancionar generais"
Notícias ao Minuto

12:46 - 26/10/21 por Lusa

Mundo Sudão

"Este é um momento perigoso para o Sudão e para os seus vizinhos. Suster o derramamento de sangue nas ruas é a prioridade mais urgente", sublinha a organização não governamental sedeada em Bruxelas, num comunicado divulgado hoje.

O ICG sublinha que o Sudão é um dos maiores países de África, faz fronteira com sete países e atravessa o Corno de África, o Norte de África e o Sahel e que "a sua importância geopolítica está a crescer entre as potências rivais ao longo do Mar Vermelho e entre a militância islamista no Sahel".

A organização alerta para "escalada perigosa da guerra da Etiópia" e para os "conflitos civis no sul do Sudão", sustentando que "uma luta prolongada no Sudão seria um desastre adicional para a região".

"Todas as partes deveriam envidar todos os esforços para impedir que isso aconteça", defende o ICG.

A ONG afirma que "é pouco provável que os generais do Sudão invertam" o assalto ao controlo do poder decidido esta segunda-feira "por sua própria vontade", pelo que "como primeiro passo" o Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA), tal como fez com bons resultados em junho de 2019 na sequência do massacre de manifestantes em Cartum, deve, desde já, "suspender o Sudão" da sua qualidade de membro do organismo.

"Deve [ainda] avisar explicitamente que irá impor proibições de viagem e apreensões de bens aos líderes sudaneses que autorizem a morte dos manifestantes ou continuem a resistir a um regresso ao regime transitório", defende o International Crisis Group.

"Para assinalar o compromisso ao mais alto nível, o Presidente [em exercício] da UA, [chefe de Estado da República Democrática do Congo] Félix Tshisekedi, deverá considerar a convocação de uma reunião urgente da Mesa da UA, composta por cinco líderes africanos, um de cada uma das regiões geográficas" da organização, defende ainda.

"A UA, apoiada por parceiros-chave, nomeadamente os Estados Unidos e União Europeia, deveria esforçar-se nos próximos dias por persuadir os generais a restaurar a coligação civil-militar, que é o único caminho para a estabilidade sustentável do Sudão", afirma a ONG.

Por outro lado, também as monarquias do Golfo e o Egito, assim como todas as potências externas que "forjaram laços mais estreitos" com o general Abdel-Fattah al-Burhan, líder do conselho militar no poder, deveriam exortar o poder em Cabul a "exercer contenção em vez de recorrer à força indiscriminada", prossegue-se no comunicado.

"Os Estados Unidos e a UE deveriam usar a considerável influência que têm junto das capitais do Golfo e do Cairo para os convencer a pressionar os generais em Cartum a mudar de rumo", diz o ICG.

"Embora os líderes no Cairo e Abu Dhabi, em particular, tenham laços estreitos com os generais, nada ganharão com a instabilidade no Sudão, que parece provável seguir-se à tomada do poder pelos militares", acrescenta-se no texto.

A organização considera ainda que uma mediação liderada pela UA "pode ser necessária para intermediar um novo diálogo entre os representantes militares e civis".

Tais conversações teriam como objetivo reparar as relações muito degradadas entre os braços civil e militar do Governo de transição. "Os mediadores deveriam exigir o restabelecimento imediato do Governo do primeiro-ministro Abdalla Hamdok e da Carta de Transição".

O ICG estima como "provável" que os militares "queiram concessões sobre a apreensão de bens e a exigência de justiça, mas as discussões sobre estas questões só deverão ocorrer depois de os generais terem colocado as autoridades civis novamente no comando e libertado os prisioneiros políticos".

A tomada do poder pelos militares esta segunda-feira seguiu-se a semanas de crescente tensão política no país, intensificadas como uma tentativa de golpe de Estado em 21 de setembro último.

Esforços de membros civis do Governo em reformar o setor da segurança no país geraram uma forte reação dos militares, inclusive de al-Burhan.

Os militares deixaram de participar em reuniões conjuntas com membros civis, o que atrasou, por exemplo, a aprovação por parte do Conselho de Ministros de entregar o antigo ditador Omar al-Bashir e outros dois responsáveis do regime deposto em abril de 2019 ao Tribunal Penal Internacional (TPI).

Nas primeiras horas de 25 de outubro, os militares prenderam pelo menos cinco ministros, bem como outros funcionários e líderes políticos, incluindo o primeiro-ministro Abdalla Hamdok, levando-os para um local não revelado.

Ao meio do dia de segunda-feira o tenente-general Abdel Fattah al-Burhan, presidente do Conselho Soberano - órgão governativo composto por civis e militares - anunciou num discurso na televisão estatal que dissolvia o Governo e o próprio Conselho Soberano, e decretava o estado de emergência no país.

Leia Também: Manifestantes bloqueiam estradas na capital do Sudão

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