Milícia armada liberta 57 reféns na República do Congo
Uma milícia armada de autodefesa Maï-maï libertou 57 pessoas raptadas há seis dias na província do Kivu Sul, no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), anunciou hoje um representante da sociedade civil.
© Reuters
Mundo Conflito
"Os próprios rebeldes entregaram os reféns à sociedade civil, que por sua vez decidiu abordar o exército para gerir a sua libertação e iniciar investigações", disse Kitandala Santos, presidente da sociedade civil do território de Fizi, à agência espanhola, Efe, por telefone.
Segundo Santos, as pessoas libertadas encontram-se agora em campos de deslocados internos à guarda pela Missão das Nações Unidas na RDCongo (Monusco).
Muitos destes reféns eram da comunidade Banyamulenge, congoleses com uma língua e cultura semelhantes aos ruandeses e frequentemente considerados "estrangeiros" por outros grupos étnicos do leste da RDCongo.
Durante décadas, os Banyamulenge e outras comunidades da região acusaram-se mutuamente de atacarem os seus bens e criaram grupos armados para defenderem os seus interesses.
"Muitas vezes, estas milícias entram em conflito umas com as outras. Estão encarregados da segurança de cada comunidade porque o exército não é capaz de controlar a situação", lamentou Santos.
Nesta ocasião, o rapto em massa teve lugar durante um confronto entre os grupos Banyamulenge e Bafuliro, e os reféns foram detidos por uma milícia Maï-Maï - como os congoleses chamam a estas dezenas de grupos armados formados por civis para se defenderem de outros rebeldes.
As províncias do Kivu Norte, Kivu Sul e Ituri foram particularmente atingidas pela Primeira e Segunda Guerra Congolesa (1996-2003) e a população civil continua a ser vítima de numerosos grupos armados que estão atualmente a massacrar civis e a destruir as suas casas, apesar da presença da Monusco, que tem mais de 14.000 soldados destacados.
A ausência de alternativas e de meios de subsistência estáveis levou milhares de congoleses a pegar em armas e a reagruparem-se em grupos rebeldes, e hoje, segundo as organizações Congo Research Group e a Human Rights Watch, mais de 130 milícias diferentes continuam a lutar pelo controlo de minérios, terras e outros recursos no leste da RDCongo.
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