Os trabalhadores humanitários pediram anonimato à agência de notícias Associated Press, por não estarem autorizados a partilhar a informação com a comunicação social.

O porta-voz do Governo etíope, Legesse Tulu, disse que os ataques aéreos na cidade de Mekele visavam um antigo centro de treino militar, agora utilizado como um "centro de rede de batalha" pelas forças rivais de Tigray.

A mesma fonte explicou que as autoridades estavam cientes de que o voo da ONU estava na área, mas alegou que os voos militares tinham "um horário e direção diferentes", não ficando claro quanto os aviões chegaram perto um do outro.

Nos últimos meses, o Governo etíope acusou alguns grupos humanitários de apoiarem as forças de Tigray, e em setembro expulsou sete responsáveis da ONU acusando-os de aumentar a crise na região.

Segundo a ONU, as autoridades têm aplicado um "bloqueio humanitário" em Tigray, onde vivem cerca de seis milhões de pessoas. 

O Governo da Etiópia admite ter voltado a efetuar ataques aéreos na região, sendo o quarto esta semana. 

Trabalhadores da saúde e outros residentes de Tigray disseram que pelo menos três crianças foram mortas e que há mais de uma dúzia de pessoas feridas.

Milhares de pessoas foram mortas desde novembro de 2020, quando começaram os conflitos entre a região e o Governo. 

Os habitantes de Tigray estão agora sob um bloqueio governamental, enquanto as forças de Tigray nos últimos meses levaram os combates para as regiões vizinhas de Amhara e Afar.

As Nações Unidas dizem que mais de dois milhões de pessoas estão agora deslocadas.

Na quinta-feira, o Governo da Etiópia alegou um ataque bem sucedido contra outra base militar utilizada pelas forças de Tigray perto de Mekele, mas o porta-voz das forças de oposição, Getachew Reda, afirmou que as defesas aéreas da oposição impediram o avião de atingir alvos na cidade.

Um ataque aéreo na quarta-feira atingiu um complexo industrial que o Governo disse ter sido utilizado pelas forças de Tigray para reparar armas.

No entanto, um porta-voz da região negou que o local fosse utilizado pelas forças militares, mas sim para produzir carros e tratores.  

Dois outros ataques aéreos atingiram a cidade na segunda-feira.

A região permanece sob um bloqueio de comunicações, o que dificulta a verificação dos factos.

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