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Número de crianças com desnutrição aguda grave duplicou em Tigray

As Nações Unidas alertaram hoje que sinalizaram quase 18.600 crianças com desnutrição aguda grave na região etíope de Tigray, palco de um conflito com as forças federais, o dobro face a 2020.

Número de crianças com desnutrição aguda grave duplicou em Tigray
Notícias ao Minuto

23:48 - 14/10/21 por Lusa

Mundo Etiópia

"Quase 18.600 crianças abaixo dos cinco anos foram admitidas para tratamento de desnutrição aguda grave entre fevereiro e agosto deste ano, em comparação com 8.900 em 2020, um aumento de 100%, segundo a Unicef [Fundo das Nações Unidas para a Infância]", refere o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), no seu relatório sobre o conflito que se prolonga há 11 meses no norte da Etiópia, hoje divulgado.

A OCHA alertou também para a desnutrição entre mulheres grávidas e lactantes, que "continua também a ser muito elevada, com cerca de 63%", acrescentou o relatório, apontando que desde julho apenas chegaram 897 camiões com ajuda humanitária à região que conta com cerca de seis milhões de habitantes.

O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, Prémio Nobel da Paz em 2019, lançou uma intervenção militar em 04 de novembro para derrubar a Frente de Libertação do Povo de Tigray (TPLF, na sigla em inglês), o partido eleito e no poder no estado.

O Exército federal etíope foi apoiado por forças da Eritreia. Depois de vários dias, Abiy Ahmed declarou vitória em 28 de novembro, com a captura da capital regional, Mekele, frente à TPLF, partido que controlou a Etiópia durante quase 30 anos.

A ONU considera que Tigray está sob um "bloqueio 'de facto' sobre a ajuda humanitária". As autoridades etíopes e os rebeldes pró-TPLF acusam-se de forma mútua de obstruir a prestação de ajuda e de fazer morrer a população à fome.

Além da falta de alimentos, a região necessita urgentemente de medicamentos e de material médico, segundo vários relatórios de agências da ONU.

No relatório, a OCHA acrescenta que nove camiões com medicamentos estavam retidos por falta de aprovação do governo de Afar, que tem atualmente a única estrada terrestre transitável para Tigray.

De igual forma, o documento refere que são necessárias vacinas contra a poliomielite para 887.000 crianças e de vacinas contra o sarampo para 790.000 pessoas e que, caso não haja uma resposta a estas necessidades, tal "conduzirá a uma epidemia".

Em 28 de junho, Adis Abeba anunciou um cessar-fogo unilateral, aceite, em princípio, pelas forças de Tigray.

No entanto, os combates continuaram e as forças eritreias são acusadas de conduzirem vários massacres e crimes sexuais.

As organizações de ajuda humanitária queixam-se que, apesar do cessar-fogo, o acesso continua limitado, sendo constrangido pela insegurança e por bloqueios administrativos.

Em 01 de junho, o Programa Alimentar Mundial advertiu que um total de 5,2 milhões de pessoas, mais de 90% da população de Tigray, necessita de assistência alimentar de forma urgente devido ao conflito.

As Nações Unidas estimam ainda que 1,4 milhões de crianças com menos de cinco anos e mulheres grávidas ou lactantes necessitam de intervenção preventiva ou e tratamento contra a desnutrição.

Leia Também: OMS apela a Adis Abeba para garantir livre acesso humanitário a Tigray

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