Hezbollah acusa EUA de intromissão na investigação a explosão no porto
O movimento xiita libanês Hezbollah acusou hoje os Estados Unidos de interferir na investigação sobre a explosão o ano passado no porto da capital do Líbano, Beirute, com o objetivo de o envolver e aos seus aliados.
© Getty Images
Mundo Líbano
Respondendo a críticas de um porta-voz do Departamento de Estado sobre o processo, o deputado do Hezbollah Hassan Fadallah considerou os seus comentários uma "nova violação da soberania do Líbano", que expõe "a extensão da interferência visando controlar e dirigir a investigação".
A explosão, ocorrida a 4 de agosto de 2020 e causada pelo armazenamento sem segurança de uma enorme quantidade de nitrato de amónio, causou pelo menos 214 mortos, mais de 6.500 feridos e destruiu vários bairros de Beirute.
A investigação foi temporariamente suspensa na terça-feira, num contexto de contestação legal dos réus contra o juiz Tarek Bitar, o investigador principal.
Bitar é o segundo juiz a liderar a investigação e tem estado sob pressão da classe política libanesa.
Na segunda-feira o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, acusou-o de politizar o inquérito e pediu a sua substituição por um magistrado "honesto e transparente".
O porta-voz do Departamento de Estado Ned Price criticou na terça-feira os comentários de Nasrallah e disse que Washington apoia a independência judicial do Líbano.
"Os juízes devem estar livres de ameaças e intimidações", referiu Price, que acusou o Hezbollah de estar "mais preocupado com os seus próprios interesses e os do seu protetor, o Irão, do que com os interesses do povo libanês".
Na resposta a Price, Fadallah acusou Washington de impor "ditames que visam obstruir a justiça e encobrir a verdade" contra segmentos da população que os Estados Unidos consideram inimigos, segundo a agência noticiosa norte-americana Associated Press.
As famílias das vítimas apoiaram Bitar, denunciando as tentativas de inviabilizar e politizar a investigação.
"Há uma decisão política de não permitir ao juiz trabalhar", considerou Nizar Saghieh, diretor da ONG jurídica Legal Agenda.
"As forças que o contestam esgotam todos os recursos legais por enquanto, mas é claro que algumas partes estão prontas a recorrer a meios não legais para o impedir de trabalhar", disse à agência France-Presse.
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