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Líbia desmente uso excessivo da força contra migrantes em Tripoli

O Governo líbio negou hoje o uso excessivo da força na fuga de cerca de 2.000 migrantes de um centro de detenção em Tripoli esta sexta-feira, que a Organização Internacional para as Migrações disse ter causado seis mortos.

Líbia desmente uso excessivo da força contra migrantes em Tripoli
Notícias ao Minuto

19:50 - 09/10/21 por Lusa

Mundo Migrações

A operação de segurança após a fuga do centro de detenção de Mabani foi "realizada com profissionalismo e sem uso excessivo da força", afirmou o Ministério do Interior líbio numa declaração, garantindo "respeitar os direitos humanos no tratamento do dossiê migratório".

Segundo o ministério, uma "debandada" durante a "fuga de centenas de detidos resultou na morte de um migrante em situação irregular e em ferimentos em outros migrantes assim como em muitos agentes da polícia".

Um funcionário do Ministério do Interior indicou na sexta-feira que cerca de 2.000 pessoas tinham escapado, sem mencionar a existência de quaisquer tiros por parte da polícia.

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), seis migrantes foram mortos e pelo menos 24 ficaram feridos "quando guardas armados começaram a disparar na sequência de uma tentativa de motim e fuga".

O incidente ocorreu num centro de detenção de migrantes "sobrelotado" em Tripoli, onde se encontram cerca de 3.000 migrantes "em condições terríveis", segundo o responsável da OIM, Federico Soda, citado pela agência France-Presse.

De acordo com o gabinete do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) na Líbia, na sexta-feira, os migrantes conseguiram quebrar uma das vedações que rodeiam o centro de detenção de Ghot Shaal e fugir para as ruas próximas, onde foram mortalmente baleados.

Relatos de testemunhas à agência noticiosa espanhola Efe deram conta de que cerca de 300 homens armados pertencentes a uma das milícias que controlam a zona de Janzur, localidade contígua à capital, conseguiram deter vários fugitivos, que foram transferidos para outros locais de detenção.

A fuga ocorreu escassos dias depois de milícias no oeste do país do norte de África terem feito uma rusga no bairro de Garagaresh, um dos mais pobres de Tripoli, e detido cerca de 5.000 migrantes e requerentes de asilo, entre os quais muitas mulheres e menores.

Num comunicado divulgado na sexta-feira, o ACNUR expressou uma "crescente preocupação com a situação humanitária dos requerentes de asilo e refugiados na Líbia", em especial daqueles que foram "recolhidos em vários centros de detenção em condições de sobrelotação e insalubridade".

"Entre eles, há vários aos quais foi dada prioridade para embarcar em voos de retirada ou reinstalação fora da Líbia", acrescenta o texto.

"As rusgas, que incluíram também a demolição de muitos edifícios inacabados e casas improvisadas, criaram pânico e medo generalizado entre os requerentes de asilo e refugiados na capital. Muitos, incluindo crianças não-acompanhadas e mães jovens, perderam as suas casas e agora não têm abrigo", acrescentou o ACNUR.

Por isso, a agência da ONU reiterou o seu apelo "às autoridades líbias para que respeitem em todos os momentos os direitos humanos e a dignidade dos requerentes de asilo e refugiados, ponham fim à sua detenção e libertem os detidos, incluindo aqueles que deviam partir em voos de retirada e reinstalação".

Insistiu também na necessidade de "se permitir a retomada dos voos humanitários para fora do país, que estão suspensos há quase um ano".

A Líbia é um Estado falido, vítima do caos e da guerra civil, desde que em 2011 a NATO contribuiu militarmente para a vitória de diversos grupos rebeldes sobre a ditadura de Muammar Kadhafi.

Atualmente, o país continua dividido em duas frentes políticas, apesar dos esforços de mediação da ONU, e está refém de milícias, mercenários e diversas máfias, que estabeleceram um sistema de mercado negro ao longo do norte de África e do Sahel.

Em março, o Fórum para o Diálogo Político para a Líbia (FDPL), um organismo não-eleito criado 'ad hoc' pela ONU, nomeou um Governo Nacional de Unidade provisório, com o objetivo de dirigir o país até à realização de eleições presidenciais e legislativas, agendadas para 24 de dezembro.

No entanto, as disputas entre o parlamento -- sob tutela do marechal Khalifa Hafter na cidade oriental de Tobruk -- e o Conselho Supremo de Estado - próximo do primeiro-ministro interino em Tripoli -- sobre a reforma da lei eleitoral ameaçam impedir o duplo escrutínio e desencadear de novo confrontos como os que em 2018 levaram à guerra civil.

Leia Também: Seis migrantes mortos a tiro após fuga de centro de detenção na Líbia

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