Meteorologia

  • 25 ABRIL 2024
Tempo
15º
MIN 13º MÁX 19º

Tunísia: ONG denuncia "golpe contra o Estado de Direito"

A Organização Mundial Contra a Tortura (OMCT) denunciou hoje um "golpe contra o Estado de Direito" na Tunísia que multiplicou medidas arbitrárias contra as liberdades dos cidadãos e após o Presidente ter assumido todos os poderes em julho.

Tunísia: ONG denuncia "golpe contra o Estado de Direito"
Notícias ao Minuto

18:21 - 07/10/21 por Lusa

Mundo Tunísia

A organização não-governamental (ONG) alertou em comunicado ao regresso de uma jurisprudência "liberticida" após o Tribunal administrativo ter recusado todos os recursos interpostos contra as medidas cautelares de prisão domiciliária e proibição de abandonar o país por ordem do Ministério do Interior dirigidos a altos funcionários, magistrados, empresários e dirigentes políticos.

"Parece ter fornecido carta branca ao executivo e fechado os olhos sobre o caráter claramente arbitrário destas medidas e as importantes consequências materiais e morais que provocam", afirmou o secretário-geral da organização, Gerald Staberock.

A OMCT afirma no texto que vai fornecer apoio técnico às vítimas com o objetivo de apresentarem recursos e recorrerem ao Comité de direitos humanos das Nações Unidas, até que a justiça administrativa recupere a sua função protetora de liberdades.

"Numa inquietante viragem de 180 graus na jurisprudência, o tribunal parece renunciar abertamente ao seu papel de salvaguarda contra os abusos de poder quando até agora se tinha distinguido pela sua independência nos contenciosos relativos às restrições arbitrárias de liberdade cometidas pelo ministério do Interior", assinalou Staberock.

O mesmo responsável recordou que apesar de semelhantes medidas existirem desde há vários anos e serem consideradas pela justiça como "inconstitucionais", várias pessoas foram classificadas como "expediente S", um procedimento sem base jurídica que permite a privação ou restrição de movimento de pessoas suspeitas de radicalismo, sem terem sido previamente informadas ou julgadas.

Em 25 de julho, o Presidente tunisino Kais Said decretou o estado de exceção, que incluiu o afastamento do primeiro-ministro, a suspensão do parlamento e a retirada da imunidade parlamentar "para recuperar a paz social". Um mês mais tarde, prolongou indefinidamente estas medidas de exceção e paralisou a quase totalidade da Constituição de 2014, ao assumir os poderes legislativo, executivo e judicial.

O partido de inspiração islamita Ennahdha definiram estas decisões de "golpe de Estado", outras formações consideram tratar-se de uma "retificação" da revolução de 2011 que pôs termo a duas décadas do regime autocrático de Zine al Abidine Ben Ali.

Leia Também: Presidente da Tunísia nomeia pela 1.ª vez uma mulher para chefiar governo

Recomendados para si

;
Campo obrigatório