"A eleição dos membros da Câmara dos representantes terá lugar 30 dias após a eleição do Presidente [marcada para 24 de dezembro]", afirmou o porta-voz do parlamento, Abdullah Bliheg, numa conferência de imprensa, citado pela Agência France Presse.
De acordo com Abdullah Bliheg, o adiamento das eleições legislativas é justificado pelo carater prioritário da eleição presidencial.
"Nos últimos anos, o país não conseguiu estabilizar-se através do sistema parlamentar (...), para a Câmara dos representantes, era necessário organizar as eleições presidenciais o quanto antes", afirmou.
O parlamento líbio aprovou na segunda-feira a lei eleitoral que regerá as eleições legislativas.
Mergulhado no caos após a queda, em 2011, do regime de Muammar Kadhafi, a Líbia está a tentar sair de uma década de conflito marcada pela existência de poderes rivais e por violência sangrenta.
Depois do fim dos combates, no verão de 2020, entre os dois campos adversários, foi formado um Governo unificado e provisório para levar a cabo a transição.
A formação desse executivo, no final de um processo político patrocinado pela ONU, ofereceu um vislumbre de esperança.
O Governo, liderado pelo empresário Abdelhamid Dbeibah, foi encarregado por 75 personalidades líbias de todos os quadrantes, reunidas sob a égide da Organização das Nações Unidas (ONU), de unificar as instituições e concluir a interminável transição política realizando eleições legislativas e presidenciais a 24 de dezembro.
A aprovação da lei sobre as legislativas ocorreu pouco mais de três semanas depois da adoção pelo parlamento, sediado em Tobruk, no leste do país, de uma lei que rege a eleição do futuro Presidente, ratificada sem ser submetida a votação e que favorece o homem-forte do Leste, Khalifa Haftar, para desgosto das autoridades de Tripoli.
Fundamentais para o futuro do país, estas eleições permanecem hipotéticas, devido às profundas divisões que continuam entre os caciques líbios. A campanha eleitoral ainda nem sequer começou.
Representantes do Alto Conselho de Estado Líbio (HCE), órgão que atua como o Senado -- instalado em Tripoli -, e do parlamento reuniram-se na semana passada em Rabat, Marrocos, mas não revelaram qualquer acordo sobre a contestada lei eleitoral para as presidenciais, fazendo, sim, um apelo à comunidade internacional para apoiar o processo político em curso no país.
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