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Iraquianos pedem boicote às eleições em aniversário de protestos

Centenas de iraquianos marcharam hoje em Bagdade para assinalar o segundo aniversário dos protestos antigovernamentais na capital e no Sul para exigir reformas no país, com apelos ao boicote às eleições de 10 de outubro.

Iraquianos pedem boicote às eleições em aniversário de protestos
Notícias ao Minuto

13:08 - 01/10/21 por Lusa

Mundo Iraque

Cerca de 1.000 manifestantes participaram na marcha, muitos deles com fotografias de familiares que foram mortos pelas forças de segurança durante os protestos, segundo a agência de notícias Associated Press (AP).

A comemoração ocorre dias antes das eleições antecipadas de 10 de outubro, que foram uma das exigências das dezenas de milhares de manifestantes que encheram as ruas e praças entre outubro de 2019 e o início de 2020.

Manifestantes, na sua maioria jovens, acamparam na Praça Tahrir da capital durante meses, para denunciar a corrupção endémica, a má gestão do poder público e o desemprego.

O movimento foi enfraquecendo devido à forte resposta do governo e à pandemia de covi-19.

Mais de 600 pessoas morreram durante os protestos, que as forças de segurança reprimiram com recurso a munições letais e gás lacrimogéneo.

Na marcha de hoje, muitos dos participantes apelaram para um boicote às eleições de 10 de outubro, alegando que nada mudarão no país.

Denunciaram, em particular, uma série de assassinatos seletivos contra ativistas pelos quais ninguém foi responsabilizado.

Os assassinatos criaram um clima de medo e uma relutância generalizada em participar na votação, particularmente entre os jovens iraquianos, que constituem o maior grupo de eleitores no Iraque.

"Sou contra a participação nestas eleições porque são desprovidas de sentido. São os mesmos partidos no poder e nada vai mudar", disse à AP Walid al-Madani, um funcionário público de 39 anos que participou no protesto de hoje.

"Não queremos um paraíso, queremos uma nação", lia-se numa das faixas carregadas pelos manifestantes que se reuniram na Praça Fardous e marcharam em direção à Praça Tahrir, o epicentro dos protestos de outubro de 2019.

Em 10 de outubro, quase 25 milhões de votantes vão às urnas para escolher entre 3.249 candidatos que disputam 329 cadeiras no Parlamento.

A antecipação das eleições, inicialmente marcadas para 2022, é uma das raras concessões do Governo face aos protestos populares sem precedentes do final de 2019.

Após o início dos protestos, dezenas de ativistas foram vítimas de sequestros, assassínios ou tentativas de assassínios.

Ninguém assumiu a responsabilidade por esses ataques, mas os manifestantes acreditam que sejam milícias xiitas, num país onde grupos armados financiados pelo Irão continuam a ganhar influência.

Na quarta-feira, a mais alta autoridade xiita do Iraque apelou à participação da população nas legislativas de 10 de outubro, para "operar uma verdadeira mudança" no poder, quando os observadores temem uma abstenção recorde.

"A autoridade religiosa suprema encoraja toda a gente a dar provas de responsabilidade participando nas próximas eleições", segundo um comunicado dos serviços do grande 'ayatollah' Ali Sistani.

"Trata-se do meio mais seguro de conduzir o país para um futuro que esperamos melhor", acrescentou.

Leia Também: Mais alta autoridade xiita do Iraque apela para participação nas eleições

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