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ONU aponta níveis de subnutrição "sem precedentes" no estado de Tigray

Mulheres grávidas e lactantes no estado etíope de Tigray sofrem de subnutrição "sem precedentes" após 10 meses de guerra, alertou a ONU na quinta-feira à noite, pouco depois de Adis Abeba anunciar a expulsão de sete funcionários seus.

ONU aponta níveis de subnutrição "sem precedentes" no estado de Tigray
Notícias ao Minuto

12:11 - 01/10/21 por Lusa

Mundo Etiópia

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) descreveu ainda num relatório publicado na internet o aumento "alarmante" da desnutrição entre as crianças, à medida que o espetro da fome crescia.

"De mais de 15.000 mulheres grávidas e lactantes monitorizadas durante o período de estudo, mais de 12.000, ou cerca de 79%, foram diagnosticadas com desnutrição grave", concluiu o OCHA.

O nível de desnutrição moderada entre as crianças menores de cinco anos "também excede os níveis de emergência de 15%, atingindo cerca de 18%, enquanto a proporção de crianças gravemente desnutridas atinge 2,4%", acima do limiar de alarme de 2%, diz o relatório.

Esta quinta-feira, o Governo etíope anunciou a expulsão, no prazo de 72 horas, de sete funcionários de agências das Nações Unidas, acusados de "interferirem" nos assuntos internos etíopes, incluindo membros do OCHA e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, manifestou-se "chocado" e fontes diplomáticas junto das Nações Unidas informaram que uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU seria realizada à porta fechada hoje em Nova Iorque.

"Todas as operações humanitárias da ONU são guiadas pelos princípios fundamentais da humanidade, imparcialidade, neutralidade e independência", salientou Guterres.

O estado de Tigray tem sido palco de combates desde 04 de novembro, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o exército etíope para derrubar as autoridades regionais da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF, na sigla em inglês), que acusou de orquestrarem ataques a campos militares federais naquele estado no norte do país.

O conflito estendeu-se por vários meses até que os combatentes pró-TPLF recuperaram o controlo da região em finais de junho último e as tropas federais retiraram.

Desde então, os combates alastraram-se aos estados vizinhos de Afar e Amhara.

Segundo a ONU, 400.000 pessoas "passaram o limiar da fome" em Tigray, mas muito pouca ajuda humanitária está a chegar à região.

O OCHA indicou no seu relatório que, ao longo da semana que terminou na passada terça-feira, 79 camiões com ajuda humanitária chegaram a Tigray, via Afar. "Isto eleva o número de camiões que chegaram a Tigray desde 12 de julho a 606, ou seja, 11% dos camiões necessários", sublinha-se no relatório.

A época das colheitas estava próxima quando a guerra na Etiópia começou em novembro do ano passado e a já ONU alertou que, pelo menos, metade das próximas colheitas irá falhar.

Addis Abeba afirma que a luta da TPLF impede a chegada da ajuda, mas um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano afirmou recentemente em declarações à AFP que o acesso estava a ser "negado pelo Governo etíope", uma situação que se traduz, na prática, por "um cerco".

A ONU conseguiu fazer aterrar no aeroporto de Mekele, a capital do estado, 17 voos de transporte de passageiros desde julho. Desde meados de setembro, porém, apenas um voo foi realizado no quadro de uma ponte aérea que a União Europeia quer pôr em prática.

Leia Também: Etiópia: EUA condenam "veementemente" expulsão de funcionários da ONU

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