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Mais alta autoridade xiita do Iraque apela para participação nas eleições

A mais alta autoridade xiita do Iraque apelou hoje para a participação da população nas legislativas de 10 de outubro para "operar uma verdadeira mudança" no poder, quando os observadores temem uma abstenção recorde nestas eleições antecipadas.

Mais alta autoridade xiita do Iraque apela para participação nas eleições
Notícias ao Minuto

20:51 - 29/09/21 por Lusa

Mundo Iraque

Inicialmente previstas para 2022, as legislativas foram uma das raras concessões do poder ao movimento de contestação de finais de 2019, em que dezenas de milhares de iraquianos saíram à rua para exigir a queda do regime acusado de corrupção e incompetência.

O escrutínio está a suscitar pouco entusiasmo nos 25 milhões de eleitores, enquanto ativistas e partidos que anunciam uma revolta popular decidiram boicotá-lo.

"A autoridade religiosa suprema encoraja toda a gente a dar provas de responsabilidade participando nas próximas eleições", segundo um comunicado dos serviços do grande ayatollah Ali Sistani.

"Trata-se do meio mais seguro de conduzir o país para um futuro que esperamos melhor", acrescenta-se no texto.

O grande ayatollah Sistani convidou os iraquianos a "aproveitar esta oportunidade para operar uma verdadeira mudança na administração do Estado e afastar as mãos corruptas e incompetentes das principais engrenagens" do poder.

A mais alta autoridade xiita "não apoia absolutamente nenhum candidato ou lista eleitoral", sublinha-se ainda no comunicado, instando os eleitores a escolherem os candidatos "que defendam a segurança e a prosperidade" do Iraque, país de maioria muçulmana xiita.

Antes das anteriores eleições, realizadas em 2018, o grande ayatollah Sistani tinha apelado para a não-recondução dos "corruptos e incapazes".

"Nas últimas eleições, o que foi determinante é que o grande ayatollah disse que as pessoas podiam votar ou não, e isso foi interpretado como uma autorização ao boicote", recorda o politólogo Marsin Alshamary.

O escrutínio de 2018 foi marcado pela entrada pela primeira vez no parlamento de candidatos do Hachd al-Chaabi, ex-paramilitares pró-Irão integrados nas forças armadas regulares que beneficiavam na altura da vitória contra os 'jihadistas' do grupo Estado Islâmico (EI).

Agora, eles ambicionam aumentar a sua representação parlamentar, mas os especialistas estão céticos.

O grande favorito das próximas legislativas continua a ser a corrente do turbulento líder xiita Moqtada al-Sadr, que tem o maior grupo parlamentar no parlamento cessante.

As autoridades iraquianas informaram hoje que o Iraque encerrará todos os seus aeroportos e postos fronteiriços a 09 de outubro, um dia antes do escrutínio, e reabri-los-á na manhã seguinte à jornada eleitoral, uma medida que pretende "garantir a proteção total durante o processo eleitoral".

Em declarações à agência de notícias oficial INA, o porta-voz da Comissão Suprema de Segurança para as Eleições, Ghaleb al-Atiah, disse que "a circulação entre as províncias será limitada e todos os aeroportos e passagens fronteiriças estarão encerrados do dia 09 de outubro até à manhã do dia seguinte" ao das eleições.

Entre estas excecionais medidas de segurança, conta-se também a proibição de motorizadas dentro das cidades, enquanto o uso de outros veículos será permitido "com o fim de facilitar a circulação dos eleitores das suas casas até às assembleias de voto".

As autoridades do país já tinham tomado medidas semelhantes, como o encerramento do espaço aéreo ou um recolher obrigatório imposto ao tráfego rodoviário, durante as eleições de 2018, para evitar eventuais atentados.

Durante as eleições de 2014, dezenas de elementos das forças de segurança morreram e centenas de pessoas ficaram feridas em ataques às assembleias de voto.

Por essa razão, o Iraque tomou nos últimos meses várias medidas restritivas para garantir a segurança durante a jornada eleitoral do próximo 10 de outubro.

Nas últimas semanas, diversos candidatos receberam ameaças e inclusive sobreviveram a tentativas de assassínio, uma coisa que também se verificou em anteriores eleições.

Apesar de os 'jihadistas' do EI terem sido derrotados territorialmente no Iraque em 2017, ainda existem células que operam principalmente no centro e no oeste do país e que perpetram atentados da forma habitual, principalmente contra agentes das forças de segurança.

No último ano, o Iraque registou também um aumento dos ataques com 'rockets' e drones (aparelhos voadores não-tripulados) a instalações aeroportuárias e edifícios diplomáticos estrangeiros, sobretudo dos Estados Unidos.

Estes ataques ocorrem desde que, em janeiro de 2020, os Estados Unidos assassinaram o general iraniano Qasem Soleimani num bombardeamento seletivo em Bagdad, o que desencadeou a condenação e promessas de vingança por parte das milícias pró-iranianas que operam no país.

Washington acusa estas milícias de estarem por detrás desses ataques, ainda que algumas delas o tenham negado, enquanto outras prometeram "uma trégua" durante a campanha e a jornada eleitoral.

Leia Também: UE envia pela primeira vez missão de observação eleitoral ao Iraque

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