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No Iémen em guerra estão 16 milhões de pessoas em risco de fome

O diretor do Programa Alimentar Mundial (PAM) alertou hoje que 16 milhões de pessoas no Iémen "caminham para a fome", porque as suas rações no país em guerra civil serão cortadas em outubro sem novos fundos.

No Iémen em guerra estão 16 milhões de pessoas em risco de fome
Notícias ao Minuto

16:54 - 23/09/21 por Lusa

Mundo ONU

Numa reunião sobre a crise humanitária no Iémen, David Beasley declarou que, quando o PAM estava a ficar sem dinheiro, no início deste ano, os Estados Unidos, a Alemanha, os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita e outros doadores contribuíram, fazendo com que fosse possível "evitar a fome e a catástrofe".

Agora, prosseguiu, o programa das Nações Unidas está a ficar sem dinheiro novamente e, a menos que se consiga recolher novos fundos, serão feitas reduções nas rações alimentares de 3,2 milhões de pessoas em outubro e nas de cinco milhões até dezembro.

Numa conferência virtual de angariação de fundos organizada pela Suécia e a Suíça a 01 de março, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou para a angariação de 3,85 mil milhões de dólares (3,27 mil milhões de euros) para o Iémen este ano.

Mas os doadores contribuíram com menos de metade desse montante -- 1,7 mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros) -, o que Guterres classificou como "dececionante", e nos últimos seis meses, o total aumentou para pouco mais de metade da quantia necessária.

A reunião de hoje, à margem da reunião anual de líderes na Assembleia-Geral da ONU, obteve cerca de 600 milhões de dólares (510 milhões de euros), de acordo com a União Europeia, que organizou a sessão com a Suécia e a Suíça, ficando em falta pelo menos mil milhões de dólares (851 milhões de euros).

As maiores contribuições foram as dos Estados Unidos, cujo secretário de Estado, Antony Blinken, anunciou mais 290 milhões de dólares (247 milhões de euros) em ajuda humanitária ao Iémen, e da União Europeia, que disse que destinaria mais 119 milhões de euros em ajuda humanitária e ao desenvolvimento do país árabe.

O diretor para o Iémen da organização humanitária Oxfam, Muhsin Siddiquey, saudou os doadores que se comprometeram a fazer novas contribuições e expressou esperança de que os fundos recolhidos estejam rapidamente disponíveis para as organizações de assistência.

"Contudo, mais uma vez, alguns doadores internacionais foram generosos quando deitaram as mãos aos bolsos ao passo que o resto do mundo assiste, enquanto o Iémen se afunda mais em fome, pobreza e um futuro ainda mais negro", sustentou.

O Iémen encontra-se em guerra civil desde 2014, quando os rebeldes Huthis apoiados pelo Irão tomaram o controlo da capital, Sanaa, e uma grande parte do norte do país, obrigando o Governo do Presidente Abed Rabbo Mansur Hadi a fugir para o sul, e depois para a Arábia Saudita.

Uma coligação liderada pelos sauditas entrou na guerra em março de 2015, apoiada pelos Estados Unidos, para tentar repor Hadi no poder, mas apesar de uma campanha aérea e de combates terrestres implacáveis, a guerra agravou-se e entrou num impasse, causando uma crise humanitária.

Os Estados Unidos suspenderam desde então o seu envolvimento direto no conflito.

"Precisamos de que esta guerra acabe, em primeiro lugar, e se os doadores estão a ficar cansados, pois então, acabem com a guerra", disse Beasley, instando os líderes mundiais a pressionarem todas as partes no conflito a porem fim ao sofrimento do povo iemenita, que está a assistir à desvalorização da sua moeda, o riyal, e ao aumento a pique dos preços dos alimentos.

"Eles não têm capacidade para sobreviver, não têm dinheiro de parte para comprar alguma coisa. É devastador. É mesmo", observou o diretor executivo do PAM.

A diretora do Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Henrietta Fore, indicou que 11,3 milhões de crianças iemenitas precisam de ajuda humanitária para sobreviver, "2,3 milhões de crianças com menos de cinco anos sofrem de subnutrição aguda e perto de 400.000 delas que padecem de subnutrição aguda severa estão em risco de morte iminente".

"No Iémen, morre uma criança a cada dez minutos, de causas evitáveis, incluindo subnutrição e doenças para as quais existem vacinas", sublinhou.

O comissário da UE para a gestão de crises, Janez Lenarcic, apelou às partes em conflito para concederem acesso humanitário sem restrições e permitirem a entrada de alimentos e combustível no país, afirmando que as necessidades humanitárias são "sem precedentes e a aumentar".

O secretário de Estado norte-americano instou os doadores a cumprirem os seus compromissos de contribuição o mais rapidamente possível e exortou outras nações "a ajudar a colmatar a falta de fundos fundamentais".

Blinken disse ainda que os Estados Unidos continuam empenhados no esforço liderado pela ONU para pôr fim à guerra no Iémen e apelou a todas as partes no conflito para aproveitarem a oportunidade para alcançar a paz no país.

Leia Também: Comunidade internacional promete mais 513 milhões para crise no Iémen

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