Hamas recusa participar nas municipais palestinianas sem outro escrutínio
O movimento islamita Hamas, no poder na Faixa de Gaza, anunciou hoje a recusa de participar nas eleições municipais palestinianas de dezembro caso o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, não convoque em simultâneo legislativas e presidenciais.
© Reuters
Mundo Hamas
A comissão eleitoral palestiniana anunciou no último fim de semana a realização de municipais em dezembro na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza, caso o Hamas permitisse a realização do escrutínio no enclave que controla e submetido a um prolongado bloqueio por Israel.
Hoje, e numa primeira reação a este anúncio, o Hamas condicionou a sua participação nas municipais à convocação de legislativas e presidenciais, que estavam previstas respetivamente para maio e julho, mas foram anuladas por Abbas.
"O anúncio da Autoridade [Palestiniana] sobre a convocação de eleições municipais revela desprezo face à situação geral e não vamos participar", declarou o porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, no decurso de uma conferência de imprensa na Cidade de Gaza.
"A melhor solução seria realizar eleições gerais, para o conselho nacional [da Organização de Libertação da Palestina, OLP], o parlamento, a presidência e os sindicatos, em simultâneo ou segundo um calendário acordado entre as partes", acrescentou o dirigente do Hamas. "se for esse o projeto, estamos dispostos a participar", afirmou.
Em abril, o movimento islamita armado denunciou veementemente a decisão de Abbas de anular as legislativas e as presidenciais, que não se realizam há 15 anos.
Para justificar a sua decisão, Abbas, cujo mandato deveria ficar concluído em 2009, argumentou que a realização do escrutínio não estava "garantida" em Jerusalém oriental, a parte palestiniana da cidade anexada por Israel.
Segundo os analistas, o Hamas, movimento considerado "terrorista" pelos Estados Unidos e União Europeia, procura obter reconhecimento internacional ao participar nas eleições, em particular para a direção da OLP que reagrupa as diversas fações palestinianas reconhecidas internacionalmente, mas que o Hamas não integra.
Em paralelo, tem aumentado a contestação a Abbas por parte de vastos setores da população palestiniana, incluindo uma nova geração de ativistas políticos que contestam o seu autoritarismo, ineficácia da estratégia, e inclusive convivência face ao ocupante israelita.
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