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Alemanha. Eleitores estão preocupados com economia e emprego

Com o final da "era Merkel", os eleitores alemães esperam poder contar com estabilidade financeira, manutenção das poupanças e com os postos de trabalho, disse à Lusa Konrad H. Jaraush, professor alemão de História contemporânea.

Alemanha. Eleitores estão preocupados com economia e emprego
Notícias ao Minuto

09:44 - 21/09/21 por Lusa

Mundo Alemanha

Autor de vários estudos como "Início da República de Berlim" e mais de uma dezena de livros sobre a história contemporânea da Alemanha e da Europa, Konrad H. Jarush, 80 anos, refere que por um lado também é natural que os alemães se sintam inseguros em relação ao pós-eleições do próximo dia 26, porque Angela Merkel esteve no poder 16 anos.

"É muito tempo, é como saber que o sol nasce todos os dias, pela manhã. Agora vem uma nova fase - e é claro que algumas coisas podem mudar e os mais progressistas prometem um novo começo, mas, no essencial, o que os alemães querem mesmo saber é se as poupanças não vão desaparecer e que os empregos vão ser mantidos", disse à Lusa Konrad H. Jarraush.

A campanha eleitoral entra na última semana sendo que as sondagens dão vantagem ao candidato social-democrata Olaf Scholz (SPD), vice-chanceler e ministro das Finanças do governo de coligação liderado por Merkel.  

"Tem sido uma surpresa. Toda a gente pensava que os social-democratas estavam a afundar-se e não iam conseguir resultados até porque fizeram parte da coligação governamental. Todos pensavam que a chanceler Merkel iria conseguir resultados para os democratas cristãos da CDU", sublinha.

Para Jaraush "o que aconteceu, nos últimos meses, foi uma mudança surpreendente" porque o candidato da CDU, Armin Laschet, originário da Renânia do Norte Vestefália, não conseguiu atrair as intenções de voto e, segundo as sondagens, Sholz, candidato do SPD subiu nas intenções de voto, sobretudo na última semana.

"Há três meses houve um breve período em que parecia que os Verdes iam ser o partido mais forte, mas escolheram a candidata errada, muito simpática na televisão mas muito pouco convincente a nível político e o voto nos Verdes acabou por ser penalizado", considera.

Para o historiador, o líder dos democratas cristãos da Baviera, Markus Soder (CSU), não pode ser menosprezado, mas frisa que "a grande surpresa" é Scholz estar a liderar as sondagens, sendo que os resultados do próximo domingo são determinantes para se perceber quanto tempo vai demorar a negociação para a formação do novo governo da "República de Berlim".

"Pode demorar algum tempo, mas tudo vai depender do resultado. Se a diferença entre o SPD e a CDU for pequena pode ser mais fácil para os dois partidos construírem uma coligação de forma mais rápida", refere sublinhando a importância do terceiro partido mais votado.

"Ainda é cedo, mas o terceiro partido mais votado, segundo os últimos números, é o FDP. Trata-se de um partido liberal com tradições políticas que vêm do século XIX mas não são liberais como os britânicos e que está mais alinhado com a CDU. O SPD tem mais ligações com os Verdes", acrescenta.

Dois partidos não vão ser suficientes e sendo assim os Verdes podem vir a ter de ceder face ao FDP ou o então os liberais vão ter de ceder face a um entendimento mais eficaz entre os social-democratas e os Verdes.

"Tudo vai demorar o seu tempo", refere Konrad H. Jarausch notando que estas eleições ficam também marcadas pelo fim da "era Merkel", uma chanceler que registou "inconsistências" mas que passou uma imagem de sucesso "por ter navegado" várias crises.

"Houve a crise financeira que pareceu ir desintegrar a União Europeia e depois houve a perceção de que na crise migratória Angela Merkel foi longe demais apesar de ter gerido a situação. Outro tema foi a desnuclearização em que a chanceler conseguiu convencer as pessoas, depois do acidente na central nuclear de Fukushima, no Japão (2011)", explica.

"Merkel mostrou ser capaz de mudar os sentimentos das pessoas, mas do ponto de vista ideológico não foi tão consistente. Mesmo assim, apostou no pragmatismo para se manter no poder, afinal de contas nas primeiras eleições contra Gerard Schroder (2005) ela venceu por meio ponto percentual e Schroder nem sequer queria ir embora. Assim começou Merkel", conclui.

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