Argélia. Morte de Bouteflika suscita poucas reações no país
A morte do antigo Presidente argelino Abdelaziz Bouteflika, afastado do poder em abril de 2019 pelo movimento de protesto Hirak, suscitou hoje poucas reações em Argel, nos media como na rua.
© Reuters
Mundo Argélia
Bouteflika, que esteve 20 anos à frente da Argélia (1999-2019), um recorde de longevidade no país, morreu na sexta-feira aos 84 anos, dois anos e meio após a sua saída do poder.
Omnipresente durante muitos anos, mas quase invisível desde que sofreu um acidente vascular cerebral em 2013, Bouteflika não dava sinais de vida desde que a rua e o exército o forçaram a demitir-se a 2 de abril de 2019.
As autoridades praticamente mudas até ao final da manhã de hoje, anunciaram que as bandeiras ficariam a meia haste "durante três dias", numa decisão do Presidente Abdelmajid Tebboune devido à "morte do antigo presidente Moudjahid (combatente pela independência) Abdelaziz Bouteflika", segundo um comunicado da presidência, citado pela agência France-Presse.
Durante a noite, a presidência divulgou apenas uma nota lacónica, anunciando a morte de Bouteflika, nascido a 2 de março de 1937, "na sua residência".
Hoje de manhã as rádios e televisões só divulgaram uma breve informação sobre o assunto, com as primeiras a transmitirem música e entretenimento como noutro qualquer fim de semana.
Os jornais também não têm informação, já que a notícia foi divulgada depois do seu fecho.
Alguns, como o diário governamental El Moudjahid, noticiaram a morte num artigo curto na sua edição eletrónica.
A data e local do funeral ainda não foram anunciados oficialmente, mas segundo o 'site' em árabe Sabqpress, geralmente bem informado, Bouteflika será enterrado no domingo na zona dos mártires do cemitério de El-Alia, no leste de Argel.
É lá que se encontram todos os seus antecessores, ao lado das grandes figuras e mártires da guerra da independência (1954-1962) do domínio de França.
Nas ruas, a morte do presidente deposto foi saudada com alguns comentários acrimoniosos.
"Paz à sua alma, mas não merece qualquer homenagem porque nada fez pelo país", disse à AFP Rabah, comerciante de frutas e legumes.
Para Malek, trabalhador das telecomunicações, Bouteflika "foi incapaz de reformar o país apesar do seu longo reino", enquanto o carpinteiro Mohamed apontou a "vida dourada" do antigo presidente "inclusive desde que foi deposto do poder", considerando que "o seu legado não é o mais brilhante".
Outros como Amer pensam, pelo contrário, que "o país melhorou quando ele se tornou presidente", numa referência ao processo de reconciliação após a "década negra" na Argélia, a da guerra civil nos anos 1990.
Depois do seu afastamento do poder, aquele que os argelinos tratavam familiarmente como "Boutef" fechou-se na sua residência de Zeralda, onde dispunha de tratamento médico e continuava a desfrutar de todos os privilégios, segundo os media.
Terá morrido em Zeralda, rodeado da irmã Zhor, do irmão Nacer e de outros membros da família. Um outro dos seus irmãos, Said, detido por acusações de corrupção, pediu para assistir ao funeral, segundo o 'site' Sabqpress.
Bouteflika deixa uma Argélia em crise política, social e económica, com um regime impopular, que além da revolta popular do Hirak, iniciada em fevereiro de 2019, tem de lidar com a queda das receitas do petróleo.
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